tag:blogger.com,1999:blog-27247319558328454952024-03-13T08:18:45.237+00:00Pomar das laranjeirasFrancisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.comBlogger1608125tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-86077395472381458282023-12-31T16:30:00.000+00:002023-12-31T16:30:12.018+00:00TESTAMENTO DE UM ANO COMUM<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBcwCn5SjFp3Fqe8u7Y5HnP6-HQrOmoBZPYx2GagK8F0PeZDfi6Q7CfdOqhr3abqyzdkJEVt_tjhBgu1rHLruGyKY8-GjULJp4ZriyAYZ4Q2yCiYL0qxiJnA6cjOuHiDYg8K_48zWmpVWO0y-7TL2TJwZ5Y7B3kBG2hJF4Og09ta6i7WoGsT0hxDltXePB/s3088/Foto%202024.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2316" data-original-width="3088" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBcwCn5SjFp3Fqe8u7Y5HnP6-HQrOmoBZPYx2GagK8F0PeZDfi6Q7CfdOqhr3abqyzdkJEVt_tjhBgu1rHLruGyKY8-GjULJp4ZriyAYZ4Q2yCiYL0qxiJnA6cjOuHiDYg8K_48zWmpVWO0y-7TL2TJwZ5Y7B3kBG2hJF4Og09ta6i7WoGsT0hxDltXePB/s320/Foto%202024.jpg" width="320" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoPlainText"><span lang="PT" style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Ainda
que o tempo novo seja benefício de um qualquer, bem concretizado impulso
edificante do coração, muito mais do que um sortilégio do calendário, assumamos
a contagem, e avancemos, então, muito felizes, para o ano da graça de 2024.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span lang="PT" style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Imunes
à noite, pelo tanto de sol que nos cumpre a vontade, deixemos brilhar, com fé,
e sem falsos pudores, a maior beleza do mundo, que é afinal, o imenso sorriso
de Deus.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span lang="PT" style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Que
os nossos dias sejam pão de poesia na verdade de beijos transparentes e sem
equívocos, rasgando as sombras para seguirmos o próprio caminho, com aquela
tranquilidade que não nos sonega o perfume suave das rosas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span lang="PT" style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Indefectíveis
da liberdade, soltemos sem cedências, o verbo e o gesto que nos dizem a alma, e
assumindo a paz como causa própria, concretizemos abraços e pontes à escala do
microcosmos por onde navegamos, e de onde somos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span lang="PT" style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Ofereçamos
à diferença, a inclusão no privilégio de vidas inteiras, sem a sobranceria de
quem apenas tolera cores alheias, e, sempre, na coerência de oferecer dimensão
privada, a todas as mais lustrosas e visíveis virtudes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span lang="PT" style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Sem
pressa e sem que nos deixemos envelhecer, que para tal acumulámos a luz das
manhãs e o tanto saber, e oferecendo vida, com infinito orgulho, a quem nos
inventou e fez grandes, e já repousa no infinito daquilo que parece apenas
adormecer.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span lang="PT" style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt;">Feliz
2024 para todas e todos, satisfeitos com a perspetiva bissexta de um dia mais
para viver, e cientes, em cada mais pequena manhá, de que, bago a bago, se desperdiça
o fulgor e o gosto docemente rubro da romã.<o:p></o:p></span></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-2741400437593513872023-08-07T13:12:00.002+01:002023-08-07T15:25:24.485+01:00O MUNDO MAIS BONITO E CONFORTÁVEL NUM TEMPO A CHEIRAR A FLORES<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgg5Mk7VdL-fhAkIafcF9MBA-32UOSgi4rWBKjI0ace3pkfEMHjBClc39JaNbLGn6Kf3fBasd0R4DVEq1nAXjnT_j3LM6wtCryodBIZ2_29Qn4DuLmwD20wup8nJ5bd_esoCNoiBsHESECUS_Cmm-7zLhlOr8JYLm90IwLW9CjkbEGXoCc58-7tnNbL4rDS/s2000/M%C3%A9xico.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1500" data-original-width="2000" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgg5Mk7VdL-fhAkIafcF9MBA-32UOSgi4rWBKjI0ace3pkfEMHjBClc39JaNbLGn6Kf3fBasd0R4DVEq1nAXjnT_j3LM6wtCryodBIZ2_29Qn4DuLmwD20wup8nJ5bd_esoCNoiBsHESECUS_Cmm-7zLhlOr8JYLm90IwLW9CjkbEGXoCc58-7tnNbL4rDS/s320/M%C3%A9xico.jpg" width="320" /></a></div><br /><span style="font-size: 12pt;">Quando na tarde quente de 26
de julho chegaram a nossa casa, em Vila Viçosa, vindos do México, a Edith, a
Fanny, o Hector, a Mónica, o Roberto, e a Valéria, talvez eu não tivesse ainda
apreendido, apesar dos meus 57 anos, que não existem estranhos, para quem vive
no mesmo Padre Nosso, e respira o ar da mesma fé.</span><p></p>
<p class="MsoPlainText" style="margin-bottom: 6pt;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Galgando o tempo todo, e a
maior imensidão dos espaços.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="margin-bottom: 6pt;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Não me recordo, por exemplo,
das primeiras palavras que trocámos, no carro, entre malas e o sol de quase
quarenta graus, porque afinal, pelo coração, já nos conhecíamos de há muito
mais de mil anos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="margin-bottom: 6pt;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Depois, rezámos muito,
rimo-nos sem freio, fizemos duetos entre Amália e Chavela, ou Luís Miguel e
Mariza. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="margin-bottom: 6pt;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Combinámos Cocadas com Pastéis
de Nata, Ginjinha com Margueritas, Migas Alentejanas com Guacamole, e
conversámos, conversámos… trazendo ao presente as histórias, as lendas, as
famílias, numa enorme planície de encontros, e já despidos daquela percepção
que nos vê a nós, Europeus, como frios e demasiado “importantes”, e aos irmãos
de para lá do mar, como apenas portadores de garridos “sombreros” cantando a “Cucaracha”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="margin-bottom: 6pt;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Ficámos família, e eu o pai
deles todos, comentando, entre nós, após a sua partida para Lisboa, na manhã do
dia 31, que o Papa Francisco ainda não chegara, mas que a JMJ23 já tinha valido,
e muito, a pena.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="margin-bottom: 6pt;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Mas o Papa chegou, e nós
fomo-nos mantendo unidos no grupo de Watsapp que eles próprios criaram, e que
se chama “Família Vila Viçosa”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="margin-bottom: 6pt;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">E claro, fomos comentando que
a Igreja é para todos, que ela não tem portas com segredo, e nela não cabe a
sobranceria moral dos donos das sacristias. Concordámos, que o amor de Jesus é
infinito e gratuito, que há uma onda de amor que deveremos ganhar, e que até o
silêncio está pejado da melhor poesia do universo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="margin-bottom: 6pt;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Tudo isso, à medida que Lisboa
se cumpria como a “cidade navio” de Cardoso Pires, capaz de abraçar o mundo
inteiro, mas sempre em íntima relação com o Céu que não se lê no astrolábio,
mas nos evangelhos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="margin-bottom: 6pt;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Num Estado laico, mas em que a
maioria dos contribuintes professa a fé católica, numa Igreja com “pecados”, e
até alguns bem feios, mas que tem liderança e energia para os expurgar, numa
Igreja que caminha para a inclusão de todas as “diferenças”, porque só assim se
cumpre o coração.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="margin-bottom: 6pt;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">E Deus é, afinal, o bálsamo
que esvazia a distância e a pressa, “sentando-nos” em festa no mesmo tempo e no
mesmo espaço.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="margin-bottom: 6pt;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Quando se rezava o terço em
Fátima, com o Papa, e no terceiro mistério, uma rapariga, em Italiano, me
demonstrou que a forma nada importa, quando a linguagem é pura, perfeita e da
alma, eu tive a certeza que rezaria com ela um rosário inteiro, nem que cada
Ave Maria por si pronunciada pudesse “tardar” uma hora.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="margin-bottom: 6pt;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR;">Ou então nós, aqui, em Vila
Viçosa, um oceano aquém da terra, também quente, dos nossos filhos Mexicanos,
aprendendo que o nosso abraço tinha uma e outra mão de Jesus, algures sobre um
imenso mar, onde as ondas são inequivos impulsos de amor.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR;">E ainda que o
sol pareça esconder-se de um ou de outro lado, nós, Calipolenses e Mexicanos,
estaremos sempre acordados no coração de quem já “surfou” a madrugada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt;"><span lang="PT-BR" style="font-size: 12pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR;">A JMJ 2023,
ou os dias que converteram o mundo num lugar mais bonito, confortável e à nossa
medida, num tempo que, inequivocamente, teve o aroma de todas as flores.<o:p></o:p></span></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-6904690776364694682022-12-31T11:40:00.002+00:002022-12-31T11:40:23.726+00:00QUE 2023 NOS ENCONTRE FELIZES<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1xNl64qgFhglxnYCZB9TP8mkEns1uOdNcDCnjoeN1rFKCY8bx9JAkz-CRxUwhcj4DdZ7_RS-b8uWXTIWLd9ThEVKSB5_9xziB32U7sBgCiAUthPKpMWlS8oWckGA2B8JxrbdP4iVq1DSOwRr642_0LUFlN4LNz3mk8R9YdXxNZc3Xc6w5Oag3Z4WvCA/s978/JB%202023%20B.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="785" data-original-width="978" height="257" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1xNl64qgFhglxnYCZB9TP8mkEns1uOdNcDCnjoeN1rFKCY8bx9JAkz-CRxUwhcj4DdZ7_RS-b8uWXTIWLd9ThEVKSB5_9xziB32U7sBgCiAUthPKpMWlS8oWckGA2B8JxrbdP4iVq1DSOwRr642_0LUFlN4LNz3mk8R9YdXxNZc3Xc6w5Oag3Z4WvCA/s320/JB%202023%20B.jpg" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span lang="PT" style="color: #44546a; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-themecolor: text2;">Por mais que janeiro
pareça indiciar o reinício, não existe tempo, que só por si possa ser, ou
fazer-se novo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span lang="PT" style="color: #44546a; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-themecolor: text2;">O tempo é o tempo, inevitável
contagem, e novo só poderá ser o Homem que o agarra e assume, predispondo-se a
vivê-lo com a sua verdade até ao detalhe de cada milésima do seu ser.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span lang="PT" style="color: #44546a; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-themecolor: text2;">Para que serve voltar
ao dia um, se sobre ele impera a velhice do coração triste?<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span lang="PT" style="color: #44546a; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-themecolor: text2;">O sucesso do novo ano
será a expressão do nosso compromisso com o melhor de nós mesmos, a paz será o
desabrochar dos nossos corações lavados, a fé terá a força do tanto que podemos
sonhar, a festa, por entre o fogo do riso à solta, será o encontro da liberdade
de todos, no chão comum aonde desabrocham as rosas, e o amor, sem pudores ou
convenções, dar-nos-à a chance de sermos inteiros numa casa com beijos, como
janelas, abertos ao mais fascinante horizonte.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span lang="PT" style="color: #44546a; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-themecolor: text2;">Cesse, pois, tudo
quanto a “velha” astrologia canta, porque a estrela somos nós, mulheres e
homens, a brilharmos pelo abraço, e pela palavra, sobre os silêncios e as
solidões do mundo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span lang="PT" style="color: #44546a; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-hansi-font-family: Calibri; mso-themecolor: text2;">Viva, pois, o Homem
novo, gente de coração inteiro e ressuscitado, porque 2023 será apenas um
detalhe quase insignificante do tempo, uma migalha sem relevância perante a
eternidade que se guarda no coração.<o:p></o:p></span></p><p>
</p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-88800190839913269382022-12-04T14:46:00.002+00:002022-12-04T14:46:55.657+00:00Esperando a notícia <p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjD1Hi2B6TFuyUftcSQI1m72r5EaSj6nK01KTpPCD7EYDM4BDitUAXNtLIfxiI20ySgaL1E3A5D0W8m5V-E71qTsLrXXjFfiKHMEETtY80wfNDS6qer9IKkMhDjweWM1R0VCs78hdWQzzXTXYi0XgBbjrLVwyhHQMrIsj6n5gRsw0wlMGWCNm3-hgrq7w/s4032/226C6DB6-9532-40F8-B26D-077C8C0F528E.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4032" data-original-width="3024" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjD1Hi2B6TFuyUftcSQI1m72r5EaSj6nK01KTpPCD7EYDM4BDitUAXNtLIfxiI20ySgaL1E3A5D0W8m5V-E71qTsLrXXjFfiKHMEETtY80wfNDS6qer9IKkMhDjweWM1R0VCs78hdWQzzXTXYi0XgBbjrLVwyhHQMrIsj6n5gRsw0wlMGWCNm3-hgrq7w/s320/226C6DB6-9532-40F8-B26D-077C8C0F528E.jpeg" width="240" /></a></div><br /><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;">Na minha cidade, o eco dos cravos persiste, com férrea vontade, entre os murmúrios, inundando as manhãs, claras ou não, de um indisfarçável sabor a liberdade.</span><p></p><p><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;">À sua sombra, e ainda que chova ou faça frio, eu espero, insistentemente, pela notícia feliz, dando uso ao banco de madeira, que é benefício de quem legitimamente espera pela paz que semeou.</span></p><p><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;">Entre os arbustos, os olhares dormentes, e o passo de quem ainda não aprendeu a trocar a pressa pelos detalhes de festa que qualquer coração confessa, muito cedo, quando ainda é manhã.</span></p><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;">Oxalá a História não me desiluda, e possa, em verdade, colocar o amor, com versos ou prosa, na primeira página do jornal.</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;"><br /></span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;">O renascer da notícia, no armistício guiado pelo sonho, e na vitória plena e lavada da poesia.</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;"><br /></span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;">Tirar-lhe-ia o meu chapéu, saboreando de Lisboa, o assobio afinado de uma melodia nascida da revolução.</span></div><div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;"></span><br style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;" /><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;">(Foto: Lisboa | Campo dos Mártires da Pátria | Manhã de 30 de novembro de 2022)</span><br style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;" /><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;"></span><br style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;" /></div>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-61656976049879875762022-11-29T09:14:00.001+00:002022-11-29T09:14:56.034+00:00A minha mãe e as flores do açúcar<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxs3sAy-unnaY9O7_05Tp_gsOWO6e3lHe83K7E9y1kOe0BzKEOFtj6ts47xa7EcNkFtGy78Wrtr46ldhNzlKnbh7VpZniEUHWCJorq7yKr4n_ChTlYB9fV5r2j9VK51NXd4v1DviMq5dSqG3G85YUxNkJJKGnD6FXi7k5jxGObICpmMMuzXlh8pk5YOQ/s1936/Mae%2080.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1936" data-original-width="1936" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxs3sAy-unnaY9O7_05Tp_gsOWO6e3lHe83K7E9y1kOe0BzKEOFtj6ts47xa7EcNkFtGy78Wrtr46ldhNzlKnbh7VpZniEUHWCJorq7yKr4n_ChTlYB9fV5r2j9VK51NXd4v1DviMq5dSqG3G85YUxNkJJKGnD6FXi7k5jxGObICpmMMuzXlh8pk5YOQ/s320/Mae%2080.jpg" width="320" /></a></div><br /><span style="color: #44546a; font-size: 12pt;">A mulher mais bonita do mundo faz hoje 80 anos, e eu e o
Zé Artur gozamos do imenso privilégio de a termos como nossa mãe.</span><p></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; margin-top: 6.0pt;"><span lang="PT" style="color: #44546a; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;">Mãe e eterna casa, numa perspetiva plural colhida desse
amor maior com o nosso muito querido e saudoso pai. Um amor pleno, sem muros e
sem reservas, na mais generosa partilha e mescla do ser e da identidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; margin-top: 6.0pt;"><span lang="PT" style="color: #44546a; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;">Enquanto buscava as primeiras palavras para este texto,
aconteceu que num gesto brusco ao fechar o porta luvas do carro, entalei e
parti o terço que ali mora. Reparei-o de seguida, julgando deixá-lo intacto,
mas apercebi-me mais tarde que lhe faltava uma Ave Maria, caída algures num
daqueles “esconderijos” que têm os carros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; margin-top: 6.0pt;"><span lang="PT" style="color: #44546a; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;">Foram infrutíferas, as tentativas para encontrar essa
pequeníssima esfera de madeira.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; margin-top: 6.0pt;"><span lang="PT" style="color: #44546a; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;">Na interseção entre o divino e a vida de todos os dias, no
louvor, na festa, mas também no suporte ao lado mais intenso da dor e do
silêncio, uma Ave Maria discreta, que não se vê, que saiu da forma comum, mas
que nos acompanha sempre: é assim, afinal, a nossa mãe, que até nasceu quando
os sinos chamavam para a primeira novena da festa de Nossa Senhora da
Conceição, no ano da graça de 1942. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; margin-top: 6.0pt;"><span lang="PT" style="color: #44546a; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;">Para a nossa mãe o cansaço dissolve-se entre a
necessidade de alguém e a força do seu muito querer, e o som daquela máquina de
costura que atravessava o nosso noturno repouso na véspera dos dias festivos, foi
a proteína da generosidade que nos fez, e que ainda hoje nos faz crescer.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; margin-top: 6.0pt;"><span lang="PT" style="color: #44546a; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;">A nossa mãe é tranquila, e sorri para a gente e para o
mundo, reconhecendo que chorar é um acto demasiado intimo para ser feito em
público, talvez porque saiba, como ninguém, que nós colhemos a alegria e a paz
que semearmos no coração dos outros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; margin-top: 6.0pt;"><span lang="PT" style="color: #44546a; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;">A nossa mãe nunca pensa em nós depois de pensar nela, tem
orgulho naquilo que somos, e desfruta de qualquer expressão que a nossa
liberdade nos ofereça, porque o essencial é que sejamos felizes e honestos,
para o mundo e para nós mesmos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; margin-top: 6.0pt;"><span lang="PT" style="color: #44546a; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;">Mestra na arte de cerzir, ela sabe ir buscar fio às
bainhas para completar o tecido danificado pelo tempo ou por qualquer acidente,
ensinando-nos assim, a nossa mãe, que, demasiadas vezes, não é necessário ir
muito longe, e para lá de nós, para suturarmos as feridas que nos rompem a
vida, não só na pele.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; margin-top: 6.0pt;"><span lang="PT" style="color: #44546a; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;">Porque os dias têm de ser vividos na profundidade do seu mais
pequeno detalhe.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; margin-top: 6.0pt;"><span lang="PT" style="color: #44546a; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;">E conversamos muito, ilustrando o tempo, e desfrutando da
melodia e da poesia de cada mais pequena palavra. A mãe, ao acordar. recorda-se
sempre dos seus sonhos, apreciando partilhá-los connosco enquanto tomamos o
pequeno-almoço. Eu leio o jornal em voz alta, sempre que encontro algo que lhe
interessa, e convoco o YouTube para escutarmos alguma música especial que tenha
encontrado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; margin-top: 6.0pt;"><span lang="PT" style="color: #44546a; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;">Sabemos estar sózinhos sem nunca nos sentirmos sós,
porque há muito que aprendemos a deixar beijos e flores suspensos dos silêncios
e das distâncias, e nunca nada partirá de nós, nem tempo, nem espaço, nem mais
nada, que não tenha indicios claros deste amor maior.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; margin-top: 6.0pt;"><span lang="PT" style="color: #44546a; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text2;">A nossa mãe, que é tão forte quanto tranquila, tem esse
imenso privilégio de nos saber amaciar a vida, plantando, por via do olhar ou
de um beijo, as maiores e mais ternas flores de açucar, que também se provam na
essência terna de uma Ave Maria. <o:p></o:p></span></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-38633080894340178602022-07-10T15:04:00.002+01:002022-07-10T15:04:33.271+01:00Breves átomos de eternidade <p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9i0cEVuAIxQCAKhSqn4Bc4BhtRvD_z6_Ot4A-RJMkXk3vMNvtp3FpjZF4NxMhtVcRhfS6ogbajzesTqUzqE7ccCcQeXI-q3yzox50CnE7SL7NwxSxQmnY5RcZt8iznsoOQZMn_bCiUimSLRDTjr7TuqYfy4-tx_1d93_bQWNRQjufgdiFra7Y4TNCZQ/s861/AB0DFF62-7ED2-47C1-8889-28A830AE11D6.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="861" data-original-width="828" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9i0cEVuAIxQCAKhSqn4Bc4BhtRvD_z6_Ot4A-RJMkXk3vMNvtp3FpjZF4NxMhtVcRhfS6ogbajzesTqUzqE7ccCcQeXI-q3yzox50CnE7SL7NwxSxQmnY5RcZt8iznsoOQZMn_bCiUimSLRDTjr7TuqYfy4-tx_1d93_bQWNRQjufgdiFra7Y4TNCZQ/s320/AB0DFF62-7ED2-47C1-8889-28A830AE11D6.jpeg" width="308" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;">As memórias são antídotos do deserto</span><br style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;" /><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;">E as memórias na genética do amor são rios de água fresca, que, muito generosamente, “ateiam” as raizes das rosas, dissimilando-lhes o perfume, e denunciando-as em sorrisos à superfície do tempo. </span><br style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;" /><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;">Tal qual as memórias com núcleo na fé, e na perspetiva de Deus, dissolvem a distância desde aqui ao Céu, tornando-se átomos, ainda que muito breves, de eternidade.</span><br style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;" /><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;">Faz hoje dois anos que a vida me pediu a missão mais difícil: viver sem te ter aqui, ao alcance de um abraço… ou até de uma gargalhada.</span><br style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;" /><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;">Reinventar-me, em ser e ânimo, aproveitando para oferecer novas formas às jazidas de saudade que compõem o deserto.</span><br style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;" /><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;">Pela sede dos olhos, buscar as embaixadas do céu que se preservam no coração.</span><br style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;" /><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;">E de tudo, e sobretudo, das memórias, fazer-me barco, água e rota de boa esperança, ousando dizer-me em versos toscos que anunciam um suave amanhecer.</span><br style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;" /><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;">Porque quem ama suplanta a morte, erguendo-se com todos os seus, até aos umbrais das cidades mais ousadas do futuro.</span><br style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;" /><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;"></span><br style="-webkit-text-size-adjust: auto; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;" /> <p></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-46511019163561142272022-07-05T06:31:00.003+01:002022-07-05T06:31:24.154+01:00Cinquenta e seis<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI-WRkpY91kmvPUVgFG21taZPdUKi3sARQ3yX63p9o5vQAFR4j6LROcKkN7mOhb88JcuxR85BxNgMuhTe9F5rYPA2quNT4auLDwLcB5d_-fRVHN0DppKc_M6HoEKb_IOo6AqL1qOPcT-HvkAmz07g2vtEWHILrRxeECJR575r2oJrJZHOd-76u4Memlw/s998/F58AD73B-B7B0-459C-8BC9-991AC74D192A.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="998" data-original-width="828" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI-WRkpY91kmvPUVgFG21taZPdUKi3sARQ3yX63p9o5vQAFR4j6LROcKkN7mOhb88JcuxR85BxNgMuhTe9F5rYPA2quNT4auLDwLcB5d_-fRVHN0DppKc_M6HoEKb_IOo6AqL1qOPcT-HvkAmz07g2vtEWHILrRxeECJR575r2oJrJZHOd-76u4Memlw/s320/F58AD73B-B7B0-459C-8BC9-991AC74D192A.jpeg" width="265" /></a></div><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;"><br /></span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">Envelhecer é deixarmo-nos adormecer pelo tempo, sonegando a esperança e a festa, aos </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">amanheceres</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">que vêm ao nosso encontro.</span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">P</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">uro desperdício.</span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">Muito antes</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">, passa-se pelo “pronto-a-vestir das idades maduras”, e compra-se o traje de virtudes, que tem pospontos sisudos, e onde qualquer laivo de riso, se passa, muito cuidadosamente, a ferro, para que </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">sobressai</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">a</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">m</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;"> as faces </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">hirtas</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;"> e engomadas.</span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">A alma amarfanhada </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">pela doce inquietude dos sonhos, </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">posta perante um espelho a “gritar” méritos e estatuto.</span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">As palavras dilaceradas pelo equânime silêncio que não é sim nem não.</span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">A poesia encarcerada numa vivenda humana, com marquises de lata, piscina… mas sem o canto de um r</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">io que nos banhe e incentive à viagem.</span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">Os baloiços parados, e arrumados com </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">a fantasia</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">, na renúncia ao combustível bioenergético, e muito saudável, que sempre nos oferecem as asas.</span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">Não me procurem no reflexo dos espelhos, mas nas mil ruas que de mim nascem,</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;"> a cada </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">despertar</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">.</span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">Leiam-me nas palavras ditas e escritas, colhidas da alma como morangos maduros,</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;"> e verdadeiros,</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;"> nas </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">muito </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">prazerosas</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;"> </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">tardes de verão.</span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">E não</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;"> estranhem quando trato o mundo como a minha casa, um lugar pequeno, térreo, com oceanos e fráguas, à mercê de todos os meus sonhos.</span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">Não é </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">forçoso</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;"> pôr o pé </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">no</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;"> lugar </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">de um </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">beijo </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">qualquer</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">, para que ele seja nosso.</span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">Faço hoje cinquenta e seis anos, mas tenho a certeza, que, atravessando outras décadas de vida, eu já fui muito mais velho.</span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">Porquê?</span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">Porque </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">aliviei, definitivamente,</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;"> </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">a </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">preocupação em demonstrar o que quer que seja, para lá de viver a coerência de ser feliz.</span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">A idade é</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;"> irmã da verdade, e parente muito próxima da liberdade, e, crescer</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;"> é aprender a abraçar o tempo, deixando que ele parta de nós, enfeitado com as flores</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">, naturais e bem regadas,</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;"> que trazemos plantadas no peito.</span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">E sempre acordados.</span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">E sempre com a noção de que, tendo em conta a espe</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">rança média de vida, e o tanto mais que </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">nos</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;"> apraz viver</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;"> a</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">inda</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">, o índice de realização tem de ser mais intenso e com </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">mais apurado </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">sentido de urgência.</span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">Não adormecer, mas sorver o tempo, fazendo-nos inteiros.</span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">É claro que a idade também é neta da saudade, e faz doer na carne </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">e na alma, </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">a a</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">usência de quem já foi o nosso mote de voar, mas então, no puro </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">benefício</span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;"> de ter fé, por Deus, e por cada ano que passa, sabemos estar muito mais próximos </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">da festa </span></span><span class="s5" style="font-family: Arial; font-size: 11px; line-height: 13.199999809265137px;"><span class="bumpedFont15" style="font-size: 1.5em; line-height: 19.799999237060547px;">de os reencontrar.</span></span></p><p style="font-size: 18px; line-height: 21.600000381469727px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><span style="line-height: 21.600000381469727px;"> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipYyTeBFVBcEBswHfjVUV2on1vbtpzCLWHIch3v3mWIK8oXA5fYy2Z28u7gVt9y2grP4sPUk0meqjGHlh8DZtPlBf9fnK58mjhbunUqu-fhNvH9nGlseYER-pCtCvRjqeH9M7a30RyeHAm_WxEzlWbtmPMRXOZNQp0CZ5gSHaYZZfG6lJs8GyKradYYQ/s998/D915B3DE-281F-478D-BF67-FFF86D2D5AA7.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="998" data-original-width="828" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipYyTeBFVBcEBswHfjVUV2on1vbtpzCLWHIch3v3mWIK8oXA5fYy2Z28u7gVt9y2grP4sPUk0meqjGHlh8DZtPlBf9fnK58mjhbunUqu-fhNvH9nGlseYER-pCtCvRjqeH9M7a30RyeHAm_WxEzlWbtmPMRXOZNQp0CZ5gSHaYZZfG6lJs8GyKradYYQ/s320/D915B3DE-281F-478D-BF67-FFF86D2D5AA7.jpeg" width="265" /></a></div><br /><p></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-88858472730000322352022-02-27T16:05:00.003+00:002022-02-27T16:05:57.912+00:00Київ або вічна недосконалість миру (Kiev ou essa eterna imperfeição da paz)<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi6I-npYdjxwriiwSkU0dUBml8S7zOdfD6NAEn08euFwPnfKkEM0iYcvCojKkjSWu56pPZHyFqsoEpqHezbISmsq1h7UD-P5mPRT4UY_4Mb7L5pJZ1j7CsYJb4cZEm3FFkjyljo5PseD1LrpPcK_eF94abapPt8mTUS12Xd7OkynrNUcGy4XC8WzXV7ig=s1050" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="700" data-original-width="1050" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi6I-npYdjxwriiwSkU0dUBml8S7zOdfD6NAEn08euFwPnfKkEM0iYcvCojKkjSWu56pPZHyFqsoEpqHezbISmsq1h7UD-P5mPRT4UY_4Mb7L5pJZ1j7CsYJb4cZEm3FFkjyljo5PseD1LrpPcK_eF94abapPt8mTUS12Xd7OkynrNUcGy4XC8WzXV7ig=s320" width="320" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Em
paralelo com a eterna condição da mais perversa imbecilidade do Homem, a paz será
sempre um processo em curso, e jamais concluído.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Desengane-se
quem se senta tranquilo num jardim de acácias, para desfrutar, sossegado, desse
bem viver connosco e com o mundo. Mais do que a chegada, num sítio rico de
aromas aonde o mar nos embala, a paz é um perpétuo desejo que gera compromisso,
e que induz o gesto capaz de tecer o amor, no seu mais apurado detalhe de
filigrana.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">De
preferência sem distrações, e, sobretudo, sem a mínima tolerância para com a
expressão do seu contrário, por mais gracioso, inofensivo e folclórico que nos
pareçam a cega ambição pelo poder, a discriminação, qualquer que seja o motivo,
e a castração do livre pensamento.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Por
mais pateta que nos pareça o ditador.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">E
quem diz a paz, diz a liberdade e a democracia, suas indispensáveis aliadas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Sempre
inacabadas, mas nunca impossíveis, porque a utopia é mãe da inação, e nos nossos
braços ferve um impulso claro de revolução. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Demasiadas
vezes, fomos criando, falsamente, a ideia, de que os ditadores jaziam em
mausoléus, e que o encontro com as maiores atrocidades cometidas sobre a
humanidade, só poderia ser conseguido em museus ou sítios guardados como
memória. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Puro
engano.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Acabou
a guerra fria, mas chegou a guerra nos Balcãs e no Golfo. Surge guerra no
Afeganistão, ataques terroristas em Nova Iorque, Madrid…<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Porque
Elvis morreu, efetivamente, levando com ele as canções de amor, e é Adolf
Hitler que continua vivo, com a identidade de tantos rostos e em tantas
latitudes.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">E
a paz, comprova-se, é o perpétuo trabalho das nossas vidas, acordados que fomos
pelas sirenes de Kiev, sob o céu negro que de uma vez só traiu o sol, o sonho,
Deus e a liberdade.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Ou
como se diz em ucraniano…<o:p></o:p></span></p><pre><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">А мир, виявляється, це вічна праця нашого життя, розбудженого, як і ми, сиренами<o:p></o:p></span></pre><p>
<span style="color: #474b4e; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Києва, під чорним небом, що враз зрадило сонце, мрію, Бога і свободу.</span> </p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-48359648045102583282022-02-19T16:31:00.004+00:002022-02-19T16:31:27.580+00:00O coração e a pele<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjEBv-YtLKe401VxkAO9qDKSX84ApMdUicCwNwiXi-kgYaLnVei4afxSAxJvJEPFKGlqpD7fNLhgt5WrK75_Yh6WmdJeSZr-WvDZ4OZzwBIJd032Fn6FyJ3mm_DiCwMAOXLlY2typiMWizZvB7op85QKye6idJBkE8j3hiBfkCrmw6gVlKApBThK9TfsQ=s3445" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3445" data-original-width="2986" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjEBv-YtLKe401VxkAO9qDKSX84ApMdUicCwNwiXi-kgYaLnVei4afxSAxJvJEPFKGlqpD7fNLhgt5WrK75_Yh6WmdJeSZr-WvDZ4OZzwBIJd032Fn6FyJ3mm_DiCwMAOXLlY2typiMWizZvB7op85QKye6idJBkE8j3hiBfkCrmw6gVlKApBThK9TfsQ=s320" width="277" /></a></div><br /><span style="color: #474b4e; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">A manhã fria de fevereiro leva-me até ao roupeiro grande, e quando dou
conta, subo a Rua de Santo António, em Vila Viçosa, abrigado pelo sobretudo
cinzento que herdei do meu pai.</span><p></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">As memórias criam a pele que melhor nos protege do inverno.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">A Zinha e o Manel são do meu tempo, ou melhor, são dos meus tempos todos,
porque eu me recordo deles desde quando comecei a guardar lembranças de mim.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Os dias pareciam, então, muito maiores, porque nada ficava por fazer, ou
por dizer.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Às vezes a tropeçarmos nalguma dificuldade que traía a fonética, mas sem
deixar de exprimir a vontade dos sentidos, e a sede:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">-Um copo de “aba”, por favor.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Escorregávamos pelas caixas de cartão vazias, guardadas no armazém, com a
mesma alegria com que, ao longo de outros tempos, soubemos sorrir sobre a
gravidade das deceções, que nos puxaram para o chão frio.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Palpámos juntos a nossa primeira neve, perfumámos as mãos nos troncos das
mesmas estevas, rezámos as nossas esperanças nos mesmos padre nossos, e algures
entre a “telepatia” e a “paixão”, aprendemos a dançar nas mesmíssimas canções.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Por maior que se fizesse a distância, jamais deixámos de nos ver, porque
todo o coração tem janelas, aeródromos e aviões, para que os amigos jamais
sejam gente longe.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Há uma semana tomámos posse para a mesa da Régia Confraria de Nossa Senhora
da Conceição, e por nos sentirmos tão bem, assim, juntos, sob a fé que mesma
alva guerreira capa exprime, resolvemos fazer uma foto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">A fé é irmã das memórias, unindo futuro e passado na doçura de um presente,
que até poderá ter tudo do inverno.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">A fé, a memória, e os amigos, que unem pela coerência, o coração e a pele.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;"><o:p> </o:p></span></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-79039828027918627772022-01-28T16:08:00.000+00:002022-01-28T16:08:09.701+00:00Votar<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiU0hlYV0h6U9l31tuBc7HxkDLBwUFPEupQa-DIQvaF_6nnsczx6B3a3AWhdr2SMyEiyHg2zp-sonT4DbKA0hkXKOdKv9IGwM4ErBB2HrnzT-2OYu7RTJixQvPHxePoZcOOjfJ99DTiicGWlmaiRIt1xevt4QlBQURgcjfROsrdi08TBxgu65KkgMUVCg=s2763" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2058" data-original-width="2763" height="238" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiU0hlYV0h6U9l31tuBc7HxkDLBwUFPEupQa-DIQvaF_6nnsczx6B3a3AWhdr2SMyEiyHg2zp-sonT4DbKA0hkXKOdKv9IGwM4ErBB2HrnzT-2OYu7RTJixQvPHxePoZcOOjfJ99DTiicGWlmaiRIt1xevt4QlBQURgcjfROsrdi08TBxgu65KkgMUVCg=s320" width="320" /></a></div><br /><span style="color: #474b4e; font-family: Arial, sans-serif;">Votar
é ratificar a opção pela democracia, expressando, em pleno uso dos direitos e
deveres de cidadania, a anuência à liberdade.</span><p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">É
nesse contexto que irei votar no próximo domingo, com a convicção de que a liberdade
e a democracia jamais poderão ser dadas por definitivamente adquiridas, e é a
nossa atitude que as alimenta, tal qual uma chuva de vontades sobre a terra
fértil.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">A
abstenção, surpreendam-se, é tão virulenta quanto o Covid-19, porque tal como
ele, nos poderá condicionar, e nos coloca à mercê das “máscaras” e da vida que
não queremos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Faço-o
sem esquecer o curriculum de honestidade e competência (ou ausência delas) dos
intérpretes / políticos envolvidos, sem qualquer amarra que me prenda cegamente
aos meridianos ideológicos, mas sobretudo com base nas minhas convicções.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Por
exemplo…<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Revejo-me
na Constituição da República Portuguesa e sou um defensor das liberdades
adquiridas na revolução de 1974.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Defendo
um Estado próximo dos cidadãos, e que os inclua, com suporte financeiro ou
outro, possibilitando que todos, sem exceção de etnia, religião, género,
orientação sexual, ou outra, possamos beneficiar dos mesmos horizontes e do
conforto do mesmo viver.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Nesse
contexto, sou a favor de um Serviço Nacional de Saúde tendencialmente gratuito,
suportado integralmente pelo Estado, mas em complementaridade com serviços de âmbito
privado, sempre que tal se justifique pela situação e acesso do
cidadão/paciente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">De
igual forma encaro a Educação, defendendo que o Estado deve cuidar de mais e
melhor ensino para todos, com exigência e com recurso à principal mais valia da
escola pública: os seus docentes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Considero
imperativa a frequência de uma disciplina de cidadania, e a promoção da plena cultura
da diversidade e inclusão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Sou
a favor da plena integração dos imigrantes, reproduzindo dentro das nossas
fronteiras, tudo quanto defendemos nos anos em que de emigração se fazia o nosso
fado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Defendo
o nosso estatuto de Estado membro da União Europeia, assim como a nossa
manutenção na zona Euro. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Sou
contra a regionalização administrativa e burocrática do país, apoiando sim, a decentralização,
e todas as medidas que possam encurtar as distâncias entre o interior e o
litoral, entre o espaço rural e o urbano. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">O
Estado deverá ser motor e suporte de todas as atividades culturais, muito para lá
da existência de um ministério específico.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">E
sou contra a legalização da eutanásia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Nestas,
e em muitas mais opções, apoiadas em mim e na minha essência, se desenhará o
meu voto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Talvez
estranhem porque ilustro este texto com uma foto de junho de 1977, quando no
último dia de aulas na Escola Preparatória de Vila Viçosa, eu e um grupo de
colegas nos despedíamos da frequência do primeiro ano (agora quinto ano de
escolaridade), estando preparados para entrar em cena no ginásio, para uma
excelente performance teatral.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Esta
semana, uma das minhas queridas professoras de então, pediu-me pelo Messenger do
Facebook, que lhe enviasse uma foto para que pudesse identificar um dos colegas
que partiu no final do ano passado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Lembrei-me
desta, fiz uma cópia, enviei-a, e ela identificou-o imediatamente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Quantas
vezes temos de voltar à nossa essência mais elementar para que de nós se prove
a identidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">A
essência de uma liberdade então ainda muito jovem, mas que bastante nos fazia
sonhar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Por
isso, e muito convictamente, eu irei votar no próximo domingo. <o:p></o:p></span></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-26069449637194253102022-01-20T12:37:00.000+00:002022-01-20T12:37:02.641+00:00A manhã de janeiro<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjTqQYvXY0ejJ1Qp-cGzjym7gOCm6JXU8ClWoc__xzHkYwfk2YmO_m_8a68cjUrAnKBwr47jtIt5K786HzKsTM3JBeebdg0fwCU-AzHdboslwzje5Y3rHebf51WJWDn_Hc-RrWoXEBwScjzAfD609FvrdswEux7Viuz3NSnMp7oJfJLwDiTq9LkpgN2Ag=s2704" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2316" data-original-width="2704" height="274" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjTqQYvXY0ejJ1Qp-cGzjym7gOCm6JXU8ClWoc__xzHkYwfk2YmO_m_8a68cjUrAnKBwr47jtIt5K786HzKsTM3JBeebdg0fwCU-AzHdboslwzje5Y3rHebf51WJWDn_Hc-RrWoXEBwScjzAfD609FvrdswEux7Viuz3NSnMp7oJfJLwDiTq9LkpgN2Ag=s320" width="320" /></a></div><br /> <span style="color: #474b4e; font-family: Arial, sans-serif;">O
aroma do café ainda a pingar, muito quente, deste o filtro zeloso, e diretamente
para a cafeteira, oferece-me à sala um toque inquestionável de conforto e de intimidade.</span><p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Para
lá da vidraça, e desde o lugar onde a ponte desmente o Tejo, abraçando as
margens, o sol espreguiça-se, ainda ensonado, traçando o céu com linhas
encarnadas, azuis, amarelas…<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Com
mais ou menos nuvens em modo e gesto de prisma, não existe dia que não nos
traga a tinta de todas as cores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">E
escrever, ou rabiscar, o tempo a preto e branco jamais será uma
inevitabilidade, mas apenas a opção, aparentemente cómoda, da discrição do sofá
cinzento e silencioso situado atrás do biombo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Esta
demissão de dizer-se é acompanhada, muitas vezes, e desde o lado de fora, pelo juízo
dos demais, pela rotulagem que atribui, de modo completamente cego, defeitos e
virtudes, vulgarmente, e levianamente, associados ao grupo social,
profissional, à confissão religiosa, etnia, ao ponto eleito do espectro político,
ao código postal, e até à filiação clubística.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">A
demissão de ver o outro do modo que ele merece, inteiro e com todas as cores…
sempre que ele se predispõe a deixar-se ver para lá do “grupo”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">A
pertença e a aparência sobreposta à identidade, e os argumentos “fast-food”, e
a preço de saldo, em modo campanha eleitoral, transportados à velocidade de uma
qualquer “Influencer” em destaque nas redes sociais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Por
entre o completo repouso do pensamento e da inteligência, a “anemia” da generosidade
e da clarividência, e sem recurso ao juízo dos mais importantes valores da
alma, a vida decorre ao jeito fútil e superficial de telenovela, com a canonização
súbita e automática, das figuras eleitas semanalmente para a capa da revista
Caras, por exemplo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">A
caneca do café acode-me aos lábios, ao mesmo tempo que deixo que as palavras se
aproximem, sem filtros ou nuvens, daquele tanto que a alma sente e grita numa
manhã de janeiro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Sem
receio do que elas possam confessar, ornadas de todas as cores com que o sol me
tingiu a pele dos dedos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Usam
chamar à verdade, delírios e alucinações de poetas, esquecendo-se que o Homem
se cumpre nos versos desnudados de pudores e de todos os medos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">E
o lugar é apenas um detalhe, porque a pátria do Homem será sempre a liberdade.<o:p></o:p></span></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-38494372668089343182021-09-25T12:59:00.001+01:002021-09-25T12:59:08.638+01:00As rosas… tal qual a vida<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKsHE2-DslV4S6ii_oDkKQdR0X95SG-xP2_Gho2UivF-gOvSVnSUScXIf9eLPlQD5GZq_n5T9a3EotR9WAmFlAjVEBhTAUcfVxmNtOxRgiqX4oVd_Hk0-nJr6f4Ags1utzZgE7Ccn4yTqx/s2048/rosas+setembro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1686" data-original-width="2048" height="263" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKsHE2-DslV4S6ii_oDkKQdR0X95SG-xP2_Gho2UivF-gOvSVnSUScXIf9eLPlQD5GZq_n5T9a3EotR9WAmFlAjVEBhTAUcfVxmNtOxRgiqX4oVd_Hk0-nJr6f4Ags1utzZgE7Ccn4yTqx/s320/rosas+setembro.jpg" width="320" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: Calibri;">Aos sábados e
domingos de manhã, um pouco antes da missa, gosto de visitar o túmulo do meu
pai. Não o faço por qualquer traição ao Céu, se é aqui, nesta terra vermelha do
barro de Vila Viçosa, que permanece adormecido o colo, assim como os beijos,
dos meus tantos instantes de Céu.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: Calibri;">Faço-o por fé e
fidelidade.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: Calibri;">Nestas alturas
gosto de trazer uma flor que tenhamos num dos vasos da varanda, sem qualquer
pretensão, às vezes até muito pequena, mas colhida entre mim e a minha mãe, um
pouco antes de eu sair de casa.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: Calibri;">No fim de
semana passado não conseguimos ver aberto um muito promissor botão de rosa, que
na manhã de segunda-feira nos brindou, finalmente, com todo o seu esplendor.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: Calibri;">Como na vida
poderá faltar tempo para tudo, mas nunca para cumprir os mais simples detalhes
de amor, colhemos o botão, e, de saída para Lisboa, fiz um desvio e fui colocá-lo
no túmulo do meu pai.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: Calibri;">Ainda que por
entre uma Ave Maria com pouco fôlego, mas aquilo que se diz, e o modo como se
diz, perde sempre para o tanto que se sente.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: Calibri;">Na manhã deste
sábado, sem nada mais do que um ramo de manjerico já florido, do vaso da nossa
varanda, voltei ao cemitério, e coloquei-o no lugar do botão da rosa que ali
permanecia, resistindo à chuva, à trovoada e ao calor.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: Calibri;">Trouxe-a para a
colocar entre as folhas de alguns versos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: Calibri;">Perdoar-me-ão
por estar a contar-vos a breve história de uma flor que morou no cemitério,
ainda para mais, muito pequena, mas achei interessante fazê-lo pela cumplicidade
que existe entre a vida e as rosas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: Calibri;">Nos parapeitos
das varandas da vida, aquelas onde habitualmente nos debruçamos à espera do
amanhecer, as rosas acabarão sempre por florir, ainda que o seu tempo pareça ter-se
desencontrado com o nosso.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: Calibri;">E as rosas que
perderam a cor, e que parecem mortas, fizeram-no para conseguirem ter espaço
para guardar o tanto de amor e de história dos gestos que as moveram, que lhes
deram sentido, tornando-as eternas entre as páginas de uma nova poesia aonde o
Céu se sente e se pressente. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: Calibri;">Tal qual a
vida.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: Calibri;">Um bom fim de semana
e um abraço.<o:p></o:p></span></p><p>
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 11pt;"> </span> </p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-45402279688164584682021-08-23T13:13:00.004+01:002021-08-23T13:13:47.228+01:00Espaço 2021<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoEK7o5p9sqRiFCFgIcJEnBqo7tqKiKN29g4-XpJnQj4a1mKrt8Mw_GM0W4MPcCzDgKnOUnGtuCcFibu4H4re5_qhRoX7Cke8MKpyNLtAuFt3aAQiYbqeJBISBPCZrnjY_58FIo_-1jr-g/s2048/Espa%25C3%25A7o+2021.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2048" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoEK7o5p9sqRiFCFgIcJEnBqo7tqKiKN29g4-XpJnQj4a1mKrt8Mw_GM0W4MPcCzDgKnOUnGtuCcFibu4H4re5_qhRoX7Cke8MKpyNLtAuFt3aAQiYbqeJBISBPCZrnjY_58FIo_-1jr-g/s320/Espa%25C3%25A7o+2021.jpg" width="320" /></a></div><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Estaríamos
pelos finais dos anos setenta do século passado, e nas salas meio arruinadas do
Convento das Chagas, hoje a ilustre Pousada de Vila Viçosa, a nossa catequista
pedia-nos para termos cuidado com as brincadeiras, sobretudo, porque aquele
hábito de rodopiarmos sobre nós próprios para imitarmos a Maya do Espaço 1999, transformando-nos
num animal qualquer, provocava-nos, isso sim, umas valentes tonturas, e nós
acabávamos por cair sobre algum monte de entulho que servia de “Eagle 1”, a
nossa nave, onde sob as ordens do Capitão Koening e da Doutora Helen Russel,
viajávamos pelo espaço.</span><p></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Ontem, vinte
e dois anos depois do mítico 1999, e alguns mais desde essas brincadeiras,
juntei-me com a minha catequista na missa das onze na igreja de Nossa Senhora
da Conceição. Ela, a minha querida Dona Bárbara Elisa, celebrava os seus
bonitos 94 anos, e eu, desde o coro, e com a ajuda da minha amiga Madalena
Barros, também da leva extraordinária dessas brincadeiras no Convento da
Chagas, cuidávamos da transmissão da eucaristia nas redes sociais, voando muito
mais depressa do que com qualquer “Eagle”, por mais sofisticada e criativa que a
inventássemos sobre um monte de entulho.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Não
resistimos a comentar, divertidos, estas coincidências.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">A idade, de
facto, não existe, e o importante será sempre a forma como agarramos o tempo
para o fazermos nosso, voando depois, por entre o ímpeto de uma maior ou menor
ilusão, até ao cais que o coração nos diga.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">À saída da
missa felicitei a minha catequista, e pedi-lhe para ter cuidado e não cair,
porque as bengalas às vezes resvalam na pedra demasiado polida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Com quem
aprendi eu esta frase e o cuidado que ela pressupõe?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">O afeto é
uma via com dois sentidos, e os nossos melhores amigos, aqueles que são a gente
que permanece porque se constituem a proteína da alma, nunca nos dizem para não
“viajar”, preocupando-se, isso sim, em dar-nos alento para não cairmos e
podermos chegar, por muito que se vislumbre a vertigem de uma ilusão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">E toda esta
tanta vida, quer no Convento das Chagas ou ontem, na Igreja de Nossa Senhora da
Conceição, sob o Olhar o e a “pretexto” da mesma fé que nos convida a sermos
maiores e melhores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Nunca desdenhem
do impossível, porque ele só oferece certezas a quem não crê e não ousa sonhar.<o:p></o:p></span></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-39648488816418256992021-08-08T13:21:00.003+01:002021-08-08T13:43:37.882+01:00A Abelha, a Carocha e o João Ratão<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8Jof-BqrtY8YXQCd2_iGsw10QBX_PEDAvdoe_Kr3vf18O__mDJl7cI5XP66OvMnipeZICOUQM6lhcLDD4MB7ImIFP_n2Vsbku9FpmJiYEEY_Q7yx1AxKkF_kmCM2Q3ILGmHYoWQeDWMwv/s2048/Abelha.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2048" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8Jof-BqrtY8YXQCd2_iGsw10QBX_PEDAvdoe_Kr3vf18O__mDJl7cI5XP66OvMnipeZICOUQM6lhcLDD4MB7ImIFP_n2Vsbku9FpmJiYEEY_Q7yx1AxKkF_kmCM2Q3ILGmHYoWQeDWMwv/s320/Abelha.jpg" width="320" /></a></div><br /><p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Esta semana
cruzei-me com uma abelha que voava, estranhamente tranquila, entre jarras
cheias de flores artificiais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Ignorou-me
nesta sua caminhada infrutífera pelo pólen, e o seu sossego será, quiçá, a
certeza de que, tarde ou cedo, chegará às flores verdadeiras que a possam
abraçar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Nesta mesma
semana tive o privilégio de poder viajar com os meus sobrinhos, partilhando com
eles alguns detalhes do Alentejo pré e pós barragem do Alqueva.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">O João
viajou ao meu lado, e o Luís atrás, devidamente protegido, como é natural, pelo
seu cinto de segurança, que acende uma luz verde no painel de comandos sempre
que é ativado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Mas o cinto
do meio, ao seu lado, também estava ativado, e verde, porque com o Luís viajou
um amigo ou amiga invisível, personagem das muitas histórias de que ele gosta,
e que vive intensamente, insurgindo-se, por exemplo, com a imprudência da
Carochinha, que, desleixada, deixou um caldeirão ao lume.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Direi eu que
o dito marido, João Ratão, que nesse caldo morreu afogado, não seria também
grande figura, pois casou por interesse, após a dita e famosa Carocha ter
encontrado dez tostões ao varrer a cozinha.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">O João e o Luís
já voltaram a casa, mas no banco de trás do meu carro, o cinto do meio continua
verde, porque dessa forma, os amigos invisíveis do Luís me farão companhia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">A semana
passada, como qualquer unidade de tempo, encerrou em si mesma o côncavo e o
convexo, o branco e o negro, o veneno e o antídoto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Se a abelha
se antevê triste por andar numa rota errada, jamais poderei saber quantos
amigos invisíveis lhe afagarão o voo, compensando a ausência do pólen com
milhares de sonhos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Acreditar é
a raiz mais profunda e generosa de sorrir.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Não procurem
ler-me, jamais, nos sítios inóspitos e improváveis por onde andam os meus
passos sozinhos, mas perguntem-me pelos sonho que me afaga a alma, e, já agora,
pelo Deus que me abraça no banco de trás das minhas viagens todas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Em segurança
e de cinto (ou abraço) apertado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif"><o:p> </o:p></span></p><br /><p></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-42759972212692728282021-07-30T16:14:00.001+01:002021-07-30T21:11:10.210+01:00Uma aula de eternidade<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0NLtTaKWQyLVDzOetC1SnLVN4vpS9zmWGwit8ILdXtV-zmtkAnoajDXWQYfhZ8o0dhiV8v-8Fy3_bBWLBzFRi83oRZ8tRvyxPTYNrsnkwVkrrxPIxjRz7LwUJ8R_8NhsWFc109pZfR4SA/s773/C%25C3%25A9u+2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="396" data-original-width="773" height="164" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0NLtTaKWQyLVDzOetC1SnLVN4vpS9zmWGwit8ILdXtV-zmtkAnoajDXWQYfhZ8o0dhiV8v-8Fy3_bBWLBzFRi83oRZ8tRvyxPTYNrsnkwVkrrxPIxjRz7LwUJ8R_8NhsWFc109pZfR4SA/s320/C%25C3%25A9u+2.jpg" width="320" /></a></div><br /><span face="Arial, sans-serif">A
porta do nosso liceu era a última que poderia ver quem saía de Vila Viçosa no
sentido de Borba.</span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Talvez
por isso, ao olharmos para aquela primeira curva da estrada ladeada por muros caiados,
e oliveiras que se lhe sobrepunham com a legitima divindade de um altar, nós sentíssemos
que o futuro poderia ser tudo aquilo que o coração mandasse.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Não
existiam casas erguidas, gritos ou gestos de alguém, que pudessem frenar-nos o
passo e a vontade, obrigando-nos a despertar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Era
tanto o sonho que respirávamos, todos juntos, entre a lírica de Camões, a fotossíntese,
a trigonometria… e a amizade, que é, comprovadamente, muito mais do que um
conceito.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Um
dia construíram um liceu novo e nós mudámos para junto da Estação do Caminho de
Ferro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt;"><span face=""Arial",sans-serif">O
mesmo sonho, já não sobre o afago dos paralelepípedos, mas sobre o ruido
metálico dos carris.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Em
altura de greve dos maquinistas, até aproveitámos o “furo” nas aulas para irmos
tomar uma máquina, aproveitando para fazer uma foto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt;"><span face=""Arial",sans-serif">E
continuámos a sonhar-nos muito, mas mesmo muito mais do que tudo aquilo que nos
diziam ser possível ser. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Ontem
fui às compras ao supermercado, e a conduzir, passei à porta do nosso velho
liceu, seguindo pelo empedrado até uma das três grandes lojas que “enfeitam” o
bairro novo que foi construído após aquela primeira curva.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Há
uma rotunda que nos obriga a buscar outra direção, até porque mais à frente, a
estrada ruiu para o fundo de uma pedreira. Para quem busca o caminho de Borba,
a nova estrada passa pela antiga estação da CP, mas numa perspetiva diferente
daquela que nós tínhamos em 1983, quando “assaltávamos” comboios.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Esta
semana partiu para o Céu uma das amigas que está comigo na foto. Foi a primeira
a fazer esse trajeto, e eu que me alimento de memórias como quem trinca pão
para calar as saudades, apercebi-me mais uma vez, de como viver é contrariar esta
sobreposição de casas, rotundas, gente, estradas, supermercados, bombas de
gasolina… aos sonhos que ousámos cultivar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A
logística tenta matar-nos a poesia, violentando-nos os sentidos por via do
olhar, mas nós resistimos a envelhecer, perseguindo sofregamente as rosas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Regressei
a casa, e sentei-me à mesa que tem vista para um dos enormes ciprestes do
Terreiro do Paço. Fica exatamente na esquina da Janela de Lisboa, e como quem
segue para a porta do nosso antigo liceu. Recordo-me deste cipreste ter ardido
e do professor de Português do nosso oitavo ano, o saudoso Padre João de Deus,
nos ter pedido para fazermos uma composição sobre esse acidente, que, visto à
distância, foi apenas um breve instante que passou.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A
lição das árvores desde os seus modestos e tão despretensiosos altares, para me
recordar, mais uma vez, que o sonho quando é nosso, é inabalável, por muito que
se esforcem para traçar de cimento e semáforos, todos os contornos que a alma,
com esmero, fez questão de lhe atribuir.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Regresso
aos meus dezasseis anos e à acústica dos pavilhões improvisados que oferecia
mestria de soprano às nossas gargalhadas. Revejo as viagens infinitas que fazíamos
a olhar para uma curva da estrada em tardes de mini saias, de caneleiras ao
estilo “Fame”, tardes à boca de sino e cabelos flutuantes e vaporosos, por
sobre o desmentindo da brilhantina.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt;"><span face=""Arial",sans-serif">E
a morte?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt;"><span face=""Arial",sans-serif">É
apenas uma aula de eternidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Embora
de exame difícil e doloroso, e por muito que seja o ruido e a volumetria das “casas”,
não existe “estrada” que, por via da alma, não prevaleça.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Maria
do Céu, teremos sempre o nosso velho liceu, para voltarmos às primeiras curvas
de muito mais de mil gargalhadas. <o:p></o:p></span></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-18729032690372231142021-07-25T20:08:00.003+01:002021-07-25T23:05:13.582+01:00Os meus avós<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHTQ3E7kHM43b-1qQ0V3zNuO6QQLNQFmUGuaYXj04r6Xir3m0exwhzubaCne1XdVucmTi_ewQzXmCObiL_xFugxp_lHQo4B6Y4mifyM3G0YzDDzdvxetTKZ6yPIhkhqdKl70rrCqg7Q4Vv/s2048/av%25C3%25B3s.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1694" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHTQ3E7kHM43b-1qQ0V3zNuO6QQLNQFmUGuaYXj04r6Xir3m0exwhzubaCne1XdVucmTi_ewQzXmCObiL_xFugxp_lHQo4B6Y4mifyM3G0YzDDzdvxetTKZ6yPIhkhqdKl70rrCqg7Q4Vv/s320/av%25C3%25B3s.jpg" /></a></div><br /><span face="Arial, sans-serif">A minha avó
Francisca era a melhor amiga da cal, bastando um dia breve para que as paredes
ficassem divinamente imaculadas, tal qual manda o Alentejo. E ao fim da tarde,
antes de devolvermos ao seu sítio, cada peça da mobília, eu invejava-lhe o olhar
e o jeito que dispensavam a régua na hora de desenhar a direito, o rodapé
encarnado.</span><p></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">Fazia-me uvada,
com uvas, mel e frutos secos, oferecia-me cravos dos vasos que tinha na janela que
dava para a Rua do Poço, e eu ia com ela lavar a roupa ao ribeiro, com um
petisco para o almoço e milhares de histórias para contar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">O meu avô
Joaquim trazia-nos frutos da horta, e a única vez que eu caí da escada na casa
da Rua de Três foi pela pressa de o ir abraçar, quando nos vinha entregar um
saco de limões.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">Ao tratar da
terra encontrava moedas antigas que me oferecia e eu ia guardando num boneco de
cortiça que fiz nos Trabalhos Manuais, no primeiro ano do ciclo preparatório.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">Eu ia com ele
até ao colmeal, e voltávamos com peras pequenas que vendíamos aos vizinhos,
fazendo uso de uma balança gigante que pendurávamos nas traves do tecto da
cozinha.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">A casa da avó
Chica e do avô Joaquim tinha uma escada em L com uma acústica extraordinária.
Era aí que eu os chamava depois de ter aberto a porta pondo a mão pelo postigo
da porta de madeira.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">A minha avó
Natividade gostava de me ensinar a bailar, preparava-me pastéis de massa tenra,
tricotava-me as botas de dormir, e, sempre que tratava das matanças, fazia um
chouriço miniatura para me oferecer.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">Abraçava-me,
partilhando o seu xaile, na hora de me levar a casa depois do jantar, vestia-me
de São Francisco para desfilar nas procissões, ajudando a pagar as suas
promessas, e, levava-me com ela a rezar à igreja de Nossa Senhora da Conceição,
mesmo que já fosse noite e o templo estivesse fechado. Eu ajoelhava-me ao seu
lado na pedra da porta principal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">Quando o Papa
João Paulo II foi a Vila Viçosa, a avó Dade viu-o passar na avenida perto da
sua casa e disse:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">- Este homem é
santo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">O avô Francisco
era carpinteiro, fazia-me réguas com os milímetros afinados, oferecia-me uma
nota de Santo António (vinte escudos) no dia dos meus anos, e quando eu
terminei a quarta classe ofereceu-me um leitor de cassetes que ainda hoje
guardo comigo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">No verão de
1974, a avó Dade e o avô Chico levaram-me com eles a um passeio pelo norte.
Numa excursão organizada por um conterrâneo, os colchões viajavam no tejadilho
do autocarro, a comida era feita em fogareiros de petróleo, e eu dormia entre
os dois avós, sempre na melhor cumplicidade da lua e das estrelas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">Os meus quatro
avós tinham gestos e palavras de mel, não deixando jamais de cultivar a exigência, e aplicando
tolerância zero à asneira, à preguiça e à falta de educação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">Eram fontes
intermináveis de riso, mas implacáveis na hora do treino do “se faz favor”, do
“muito obrigado” ou do “com sua licença”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">E existia entre
nós um fluxo interminável de afetos, porque se eu os visse trinta vezes no
mesmo dia, teria de os saudar com trinta pares de beijos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">A avó Chica foi
a primeira a partir, num dia muito quente de junho, e quase na véspera de eu
cumprir quinze anos. Por a escada ser em L, o seu “sono” teve de cruzar a
janela dos cravos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">A avó Dade, que
ainda transportei muitas vezes no meu carro, mas que detestava autoestradas por
não conseguir ver gente nem casas, foi a última a partir, e em plena coerência
com a sua profecia de que o mundo acabaria na era dos três noves: fê-lo no
último dia do ano de 1998.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">Mas os quatros avós respiram em mim, e continuarão a fazê-lo, por entre esta simplicidade que é o
melhor fermento do ser.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">Os avós são os nossos pais tranquilos, sendo a garantia da essência doce que o sol promete em cada amanhecer. São uma inspiração, o mote
dos melhores dias e o colo que permanece, cruzando connosco qualquer idade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">Algures numa
manhã de inverno acompanhei o avô Joaquim, com um rancho de mulheres, à apanha
da azeitona. Com a sua arte e após varejar as árvores, vi-o atirar ao vento a mistura de folhas e frutos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">Por serem mais
leves, as folhas pousavam num espaço intermédio, e as azeitonas voavam para
mais longe, predispondo-se aos enormes sacos que as levariam ao lagar, para </span>mais cedo ou mais tarde brilharem nas candeias.</p>
<p class="MsoNormal"><span face=""Arial",sans-serif">Fica a meia vida o frágil e o quase nada, e para longe, connosco, voam os avós, sempre, naquilo que mais importa: os beijos e os frutos de onde se reinventa a luz<o:p></o:p></span></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-82493265982083404412021-07-18T13:11:00.000+01:002021-07-18T13:11:04.463+01:00Os nossos longos dias que buscam as cerejas<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqzFc2OVb6Vmv4m7wHOvKamYxD03J08sXebeGf8AJl1woaZHD90PxO9bktXXj0FFBNNO8nitPlvkOAWslbKR_5HB_MXOiB68HwpQADV4Z_Y8-Ey_2z6aftZX3Ql87gLh_EttaXVG5YLwQC/s2048/Ressurrei%25C3%25A7%25C3%25A3o+da+Terra.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2048" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqzFc2OVb6Vmv4m7wHOvKamYxD03J08sXebeGf8AJl1woaZHD90PxO9bktXXj0FFBNNO8nitPlvkOAWslbKR_5HB_MXOiB68HwpQADV4Z_Y8-Ey_2z6aftZX3Ql87gLh_EttaXVG5YLwQC/s320/Ressurrei%25C3%25A7%25C3%25A3o+da+Terra.jpg" width="320" /></a></div><br /><span style="color: #474b4e; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Os longos dias frios da neve só ganharão sentido nas manhãs em que,
finalmente, trincarmos as cerejas maduras, porque só a última sílaba poderá desvendar
a perfeição e o açúcar de uma rima.</span><p></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Na história de cada um existem parágrafos em que a Terra dorme à espera de
que cheguemos nós, os seus príncipes e cavaleiros, para a resgatarmos do sono e
do pesadelo, no benefício de um beijo intenso e completo, daqueles capazes de
dissipar todas as dores e os silêncios de milénios.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Sem punhais ou pistolas, e com nada mais do que uma alma lavada que se
busca inteira e se faz maior.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Responder ao ímpeto dos sonhos, tornando-nos maiores, jamais será um ato egoísta,
se de amor se vive, porque quanto mais for um, muito mais seremos todos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">E pelo contrário, desperdiçarmo-nos um a um, lentamente e sem brio, seria morrermos
todos. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Far-se-á, quiçá, demasiado longa a estrada, com os pés gelados envoltos nos
flocos brancos de um novembro triste, mas a sorte, que assim usamos chamar às
cerejas, devolve-nos sempre aos passos certeiros das promessas feitas à sombra
dos ulmeiros, nas horas em que os dedos vagueavam pelas cordas das violas, por
nada mais do que apenas breves canções.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Quando o cabelo ainda não cedera o tom às cãs, e o olhar fazia rimas com o
sol, encarando-o com o despudor dos nossos poucos anos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">A fé, ainda que por entre a dor de qualquer primavera que pareça tardar,
cumprirá sempre a essência da semente boa que nos percorre o peito varrida pelo
sangue em brasa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Os amigos trarão a fanfarra dos abraços, e as claras fontes de água fresca,
enquanto o céu voa, brincando com as asas dos melros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">E a Terra ressuscitará, fértil, sob os nossos pés devolvidos à esperança… porque
não existe quem nasça para não ser feliz.<o:p></o:p></span></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-36170563910023746702021-07-10T08:25:00.001+01:002021-07-10T08:25:19.755+01:00Morrer seria ficarmos longe<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOBA5TDGqECqmLSSSSN_022yc4REYyI54lEXPLm07GjomK-_YilRVE9VUkF4JeO-BwP15hcccJKOXHabjNaWJyupX7sGyXBYvLysdgKBdFrIS4kHGN89uxreza59QXzHz9SXeXRFo4rL5k/s1804/Pai+julho+2021.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1804" data-original-width="1703" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOBA5TDGqECqmLSSSSN_022yc4REYyI54lEXPLm07GjomK-_YilRVE9VUkF4JeO-BwP15hcccJKOXHabjNaWJyupX7sGyXBYvLysdgKBdFrIS4kHGN89uxreza59QXzHz9SXeXRFo4rL5k/s320/Pai+julho+2021.jpg" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt;"><span style="color: #474b4e; font-family: Arial, sans-serif;">Sou
um príncipe a vaguear descalço por um bosque de silêncio, tomando das horas, todas
as bagas nascidas do tanto que fomos e que somos juntos. E sinto ainda, muito
vivo, ao meu redor, o eco das palavras todas, tantas, que trocávamos. Bebo-o
sofregamente, e de um trago, porque é de água fresca que se trata, e a saudade é
esta dor de um dia a arder…</span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Guardei
para mim o ruído da porta a abrir-se por entre o tilintar das chaves que
guardavas no bolso, e ainda espero por ele quando o sol se entorna para oeste e
se aproxima a hora do jantar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Perante
uma novidade, ou algo bom que me aconteça, ainda penso que terei de a partilhar
contigo. Por brevíssimas frações de segundo, num carrossel do pensamento que
depois, rapidamente, deixa que a razão se lhe sobreponha.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Bendito
o pensamento que me faz a vontade, e não te deixa “abalar”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Um
ano de ausência dos nossos beijos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">E
mesmo sabendo que a fé me puxa o olhar para o Céu, visito-te no túmulo, e
acaricio com flores frescas, essa terra tão nossa e sagrada, o chão do barro
que guarda a pele desses momentos únicos onde o amor tantas vezes se disse.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Aqui,
entre as muralhas de Vila Viçosa, e a sentir o manto da Senhora da Conceição a
esvoaçar, afagando-me a alma e o olhar, este é o templo privado onde o universo
e Deus, por ti, me abraçam, e onde vou aprendendo que nada é ridículo, se por
aí se preserva e diz o amor.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">E
a palavra pai, ganhou neste afago de eternidade, incensos e alturas de oração. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Também
tenho as memórias. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Guardei-as
todas, revisito-as, limpo-as, dou-lhes brilho, e até resolvi anotá-las, não vá
o tempo subtrair-me os olhares, as lições, as histórias, as graças, as piadas,
e também os nossos dias menos bons.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">É
verdade, confesso, que também revisito diariamente o teu último respirar, o teu
rosto sereno a atravessar comigo a noite mais triste que passei, revisito o
ruído da terra a ferir a manhã de sábado, caindo sobre as tábuas do teu caixão,
mas tão só para confirmar que a morte não existe.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Morrer
seria ficarmos longe, e nós estamos aqui, os dois. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Estaremos
sempre.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p> </o:p></span></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-44293367351678150702021-07-06T12:59:00.004+01:002021-07-06T12:59:37.009+01:00Obrigado<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpVPpVAuH-PvQrnfc0zcYoAzEZAJwzJYn3cFTdmy_iBQrRzee3CIe1-lN_rcbaClHjsjWK3JhhDaI2uymieVSz135V3nM3TGKZ9FoKQKX9m3ZS7ZNFto6hCFCpoj_bwQp-fKRCST9XSPyD/s2048/Obrigado.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2009" data-original-width="2048" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpVPpVAuH-PvQrnfc0zcYoAzEZAJwzJYn3cFTdmy_iBQrRzee3CIe1-lN_rcbaClHjsjWK3JhhDaI2uymieVSz135V3nM3TGKZ9FoKQKX9m3ZS7ZNFto6hCFCpoj_bwQp-fKRCST9XSPyD/s320/Obrigado.jpg" width="320" /></a></div><br /><span style="color: #474b4e; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">No dia em que cumpri os meus cinco anos, muito feliz porque fazia coincidir
a idade com o dia do mês de julho em que nasci, senti-me importante, e, inevitavelmente
muito crescido. Afinal, entrara na antecâmara da escola.</span><p></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Ontem, passados cinquenta anos desde esse dia, e com um duplo cinco na
idade, acho que me senti muito menos crescido, e nos antípodas da importância desse
longínquo verão de 1971. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">O mundo dissolve-nos a importância, e os poetas com quem nos vamos
alimentando, oferecem-nos esta visão de que aquilo que temos para crescer é
infinitamente maior do que tudo o que já conseguimos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">E ainda bem que é assim, porque um Homem que se sinta completo é uma vida suspensa
e arrumada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Mas há muito que persiste desses aniversários celebrados a limonada e bolos
caseiros, e de entre o melhor estão os amigos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Os amigos acendem uma vela nos instantes em que nos sentem sem sol,
oferecem-nos abraços que, por terem flores, nos devolvem à primavera, e ainda
que por vezes os vejamos caminhar até nós com uma pedra grande nas mãos, e
possamos temer o pior, acabamos a concluir que apenas tratam de nos ajudar a
atravessar em segurança, a ribeira mais profunda que possa ter sido acordada
por alguma tempestade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">E quem diz uma pedra, diz um argumento forte que tente contrariar-nos ou
desarmar-nos de alguma qualquer convicção.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Os amigos são pão, fruta madura e copos de água fresca, num sofá de bem-estar
roubado aos dias que nos fazem doer.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Às vezes não entendemos o silêncio dos amigos, acabando mais tarde por
concluir que apenas pretendiam colocar-nos frente a frente connosco, no
contexto de qualquer sonho, por acreditarem que daí nasceria a nossa nova
madrugada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">E as palavras, e até os gritos, que parecem inquietar-nos, são jangadas
para que deixemos a letargia ou que nos despertemos de um sonho errado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Os amigos são como o tempo, bastando poucos, tal qual os dias perfeitos,
para podermos conquistar e cumprir o melhor que tem a vida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Poderia ter escrito um parágrafo a agradecer a vossa presença no meu dia de
ontem, mas decidi ir um pouco mais a fundo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Muito obrigado pelo sol que ontem me ofertaram e sintam o meu abraço com
flores.<o:p></o:p></span></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-6440768434388183122021-06-27T13:27:00.001+01:002021-06-27T13:27:14.452+01:00A liberdade “esteve” a passar por aqui<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuKCQmAj7fMQ3Lj_k-k6NndSvu6mL7__RclUCu4mTcPcMOMsZm3yMDNwKaOxC388wBE8VjD7CUwgblXc00T5cbtV6GPAQWWiGJuoVuGdPn-Mi2NQuFxjHSj8N5Q2XYtoG8y7ORDf6ed06s/s2048/Liberdade+Rosa+Amarela.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2048" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuKCQmAj7fMQ3Lj_k-k6NndSvu6mL7__RclUCu4mTcPcMOMsZm3yMDNwKaOxC388wBE8VjD7CUwgblXc00T5cbtV6GPAQWWiGJuoVuGdPn-Mi2NQuFxjHSj8N5Q2XYtoG8y7ORDf6ed06s/s320/Liberdade+Rosa+Amarela.jpg" width="320" /></a></div><br /><span style="color: #474b4e; font-family: Arial, sans-serif;">No
verão de 1996, acompanhado pelo meu amigo João Paulo, cheguei à estação central
de Budapeste, vindo de Viena no Expresso do Oriente.</span><p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Sem
Poirot e sem qualquer crime a bordo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Cerca
de sete anos após a queda do muro e da cortina de ferro, deparei-me com uma
cidade suja, de ruas infestadas de lixo, onde a única preocupação tinha sido
retirar os símbolos comunistas, cujas sombras ainda estavam visíveis na pedra
dos edifícios.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">A
senhora que nos vendeu os bilhetes para o metro, muito empenhada no seu tricot,
e incomodada pela nossa presença, praguejou mil desaforos na sua língua nativa
enquanto soprava. Fomos assaltados nessa viagem de metro, com grupos de homens
a rasgarem-nos as mochilas, e sempre que nos sentávamos numa esplanada para
tomar um café, poderíamos colecionar dezenas de panfletos que publicitavam
bordéis e sexo a bom preço.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Em
Budapeste, como em tantos outros lugares, sem o menor civismo, na ausência da
autoridade e do pudor, a liberdade era celebrada dessa forma aberrante, na
máxima expressão de um equívoco: liberdade não é sinónimo de libertinagem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Incompetência
de cada um, ou “virtude” dos seus detratores, promove-se o desfocar dessa
essência maior de um dos maiores pilares da vida e da civilização, a liberdade,
que se educa, e que, como tudo o mais que é importante, se exercita e se
desfruta num contexto de responsabilidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Se
tal não for feito, chegará o dia em que os seus “detratores” darão um passo em
frente, e, proclamando o caos, imporão um passo atrás.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Leio
dessa forma o recente percurso da Hungria, a abertura à extrema direita, a
afronta aos imigrantes e a publicação da nova lei que promove a discriminação
com base na orientação sexual.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Entre
os Soviéticos e os Fascistas só muda o nome, e os métodos que geram estes
fenómenos de “volta atrás” são os mesmos, quer estejamos em Budapeste ou num
qualquer concelho de Portugal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">É
preciso voltar à verdadeira essência da liberdade, que é coisa da alma, do
sentir, e que se estende ao gesto e à palavra, com honestidade e com
responsabilidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">Mas
isso, parece que é tudo o que não temos, porque quando o “nosso” governo, dito
de “esquerda” lidera a União Europeia e se recusa a condenar a Hungria no
momento da publicação de uma lei homofóbica, porque se exige neutralidade e
respeito pela posição de todos os Estado, está a legitimar tudo… e até o Chega.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">As
máscaras de cera nunca resistem aos “dias mais quentes”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif;">A
liberdade é inquestionável e os seus detratores só merecem uma resposta: NÃO!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="color: #474b4e; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Eu ainda mantenho a esperança de que o Sérgio Godinho possa refazer a sua
letra, e cantar que “a liberdade decidiu ficar a morar por aqui”.<o:p></o:p></span></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-9471084345530846072021-06-20T12:09:00.004+01:002021-06-20T12:09:39.412+01:00Chamar o verão<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGmp8mnop79gYKfEBfP-1m8GVUFuocaPpVFt_KMIrYOkOV8cxpxKd1eZkeRUlm21eKHwcIzYFggoszw_fdbX9ro044ZD3gcMZiZcBfqf4oCtxVNdn6qQi-_OvrApcFP3GJTE8cXQrraHDS/s2048/os+gatos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1536" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGmp8mnop79gYKfEBfP-1m8GVUFuocaPpVFt_KMIrYOkOV8cxpxKd1eZkeRUlm21eKHwcIzYFggoszw_fdbX9ro044ZD3gcMZiZcBfqf4oCtxVNdn6qQi-_OvrApcFP3GJTE8cXQrraHDS/s320/os+gatos.jpg" /></a></div><br /><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">Entre a gente acomodada e os gatos rebeldes que insistem chamar
o verão, eu preferirei sempre os segundos, até porque eles são o motor de
conversas bem mais interessantes.</span><p></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Às vezes a chuva parece desmentir-nos o solstício, junho e
este quase São João, mas existe sempre uma janela alta, que, mesmo fechada, nos
servirá de abrigo enquanto insistimos, damos fôlego ao grito e chamamos o
verão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">O melhor de uma janela será sempre esta perspetiva que ela
generosamente oferece bem para lá de nós, muito mais do que a luz que aporta
para os sofás de veludo aonde gostamos de nos sentar, quiçá entretidos em
dissertações sábias sobre o “vamos indo” e o “muito riso, pouco siso”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Sentados, crescidos na idade, mas adeptos das viagens de
carrossel, colorida ilusão de movimento em redor de um eixo que somos nós
mesmos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">O riso ateia e celebra os bons pensamentos, elevando-os aos
sonhos, e o “vamos indo” é infinitamente mais mortiço do que estar quieto num
sítio de que se goste.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Quem acredita não utiliza os “telhados” para se abrigar e
esconder do céu, muito antes pelo contrário, utiliza-os como degraus para
dialogar cara a cara, e mais de perto, com o firmamento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Quem apenas espera, receberá passivamente, e talvez entre uma
ridícula lamúria, a estação e o mundo que os outros fizerem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">A lamúria, o lamento do tempo, da chuva de junho, pela voz de
quem não sabe ir buscar o sol… o seu próprio sol, comprometido que está em
seguir à risca um guião pré-definido, e consoante o estatuto pretendido, que os
transforma naqueles “atores” de novela que são engraçadinhos mas que
representam pior do que as bonecas Barbies depois de afogadas nas piscinas, e
deixadas imersas durante três meses.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">E dos parapeitos rasgados... o pensamento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Tomaram os aviões ter dele, e da poesia, a propulsão, sendo
capazes de nos levar tão rapidamente até aonde a alma pede.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Com a máxima assepsia do querer, ultrapassamos mares,
distâncias, cidades e gestos proibidos, cumprindo as viagens que mais importam,
e que não são as dos pés, mas as do coração.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Mesmo que tenham de nos fechar as cidades (e muito bem),
nunca nos esqueçamos dos mundos infinitos que trazemos no peito<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">E a contrariedade?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Nunca é o apocalipse, mas tão só o incentivo para nos
reinventarmos e podermos surgir maiores, na certeza de que tal só se conseguirá
se soubermos abraçar a vida dos outros, com respeito e com querer.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;"><o:p> </o:p></span></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-54422981046551534952021-06-06T11:30:00.005+01:002021-06-06T11:30:52.632+01:00Surfar a superfície do tempo<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYLA-3HhvnDv9eUU6-OoxwBkNx7mibt9_B4uQykiyKogo7DFaSar77aRQo4jUaLiJ4aBZBwBcDIlSpBGpWflBFzBMltjLNh-rsUtijoj2UaMG9l4J6tlIcl4zxMycLq0YnNzYJMuSiJxx4/s2048/superficie.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2048" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYLA-3HhvnDv9eUU6-OoxwBkNx7mibt9_B4uQykiyKogo7DFaSar77aRQo4jUaLiJ4aBZBwBcDIlSpBGpWflBFzBMltjLNh-rsUtijoj2UaMG9l4J6tlIcl4zxMycLq0YnNzYJMuSiJxx4/s320/superficie.jpg" width="320" /></a></div><p></p><p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Vivemos entretidos a surfar a superfície do tempo, não
deixando, de nós, nada mais do que traços coloridos que, mais cedo ou mais
tarde, acabam dissolvidos nas brisas salgadas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Somos a rima, muito mais do que o pão da palavra, e, fugindo
à dor da apneia do mergulho que nos ofereça profundidade e dimensão, esperamos
passivamente, e comodamente sentados na praia, o alimento que a maré cheia possa
trazer, e abandonar sobre a areia. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Que importa se somos apenas dois dedos de gente, se a nossa
sombra, projetada sobre a parede branca, e pelo impulso de uma luz qualquer, nos
oferece contornos de super-homem?<o:p></o:p></span></p><p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">E pudessem os gestos ser embrulhados em aspas, e a narrativa de
tudo isto que queremos mostrar, seria devolvida à justiça de uma citação, de um
ser alheio e distante.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Se as cruzes traçadas sobre o peito pudessem acordar e
ressuscitar as almas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Se libertássemos os livros da “falta de tempo”, e as palavras
dos poetas fossem mais do que meros adornos de montras com pernas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Se os beijos retomassem o seu trono, devolvendo ao pó, os “gostos”
e o “adoro”.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Se os amigos fossem mais que os seguidores administrados por
uma tecla.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Se os rostos desprezassem o “Photoshop”, abrindo alas para os
sorrisos que trazemos dentro.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;"><o:p> </o:p></span></p><p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">No texto que publiquei antes deste, na semana passada, falava
de “bullying” na primeira pessoa, ilustrando-o com uma foto minha, a sorrir. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">A publicação teve 234 “gostos” no Facebook, mas apenas 137
pessoas tiveram o cuidado de a abrir. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;"><o:p> </o:p></span></p><p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Não me procurem nos areais ou à superfície das ondas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Eu anseio viver no miolo de todas as palavras colhidas da
essência mais profunda do tempo. <o:p></o:p></span></p><p>
</p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-47055465579463820752021-05-29T10:58:00.000+01:002021-05-29T10:58:18.327+01:00Viagem às ruas escuras<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjM9Hql_viT9UDGYdPjBirBRZQOBBBkiJMVhy2GJM5-kX7eTKpyKKxD3FUb9TC-QqAiQZV_GhjrP5v08CIAPWRmLajprQX0skF2xmf-_cgOa8CdUQDiKSZqYRdrm0zIrnJIeCYibTMV8rvj/s2048/Ruas+escuras.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2048" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjM9Hql_viT9UDGYdPjBirBRZQOBBBkiJMVhy2GJM5-kX7eTKpyKKxD3FUb9TC-QqAiQZV_GhjrP5v08CIAPWRmLajprQX0skF2xmf-_cgOa8CdUQDiKSZqYRdrm0zIrnJIeCYibTMV8rvj/s320/Ruas+escuras.jpg" width="320" /></a></div><br /><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, sans-serif;">Não existem cidades sem ruas estreitas, mal alumiadas, e muitos
agrestes, no empedrado e na inclinação, tal qual os dias e aqueles seus minutos
que doem.</span><p></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Gosto muito de vos falar das avenidas solarengas que respiram
a primavera, acredito, inclusive, que estarão acostumados a isso, mas hoje, com
o devido pedido de desculpas, convido-vos a caminhar comigo na escuridão desses
becos mais sombrios.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Regressamos por momentos aos anos setenta, e aos momentos em
que a liberdade florescia finalmente no regime e na ambição da gente, mas o
gesto da maioria era ainda refém dos estereótipos e dos seus julgamentos
sumários, invariavelmente, infelizes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">A liberdade leva o seu tempo até aprender a lidar com o
respeito pela identidade, e por ela, com o reconhecimento da grandeza da diversidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Ao contrário da maioria dos meus colegas, eu preferia ler um
livro a jogar à bola, gostava mais de estudar do que ir destruir ninhos e jogar
à pedrada, tinha boas notas, não ridicularizava as raparigas, e até, muito
antes pelo contrário, sentava-me com elas a partilhar a poesia dos entardeceres
por detrás do palácio.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Eu e mais uma meia dúzia de amigos, que por nada mais do que
tudo isto, éramos ridicularizados, perseguidos, e agredidos, inclusive
fisicamente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Por esse tempo, e como tão bem a descreve Miguel Vale de
Almeida no seu livro “Senhores de si”, fruto de uma investigação antropológica
realizada precisamente na minha zona, a masculinidade fazia o apelo do grotesco,
do pontapé e da boçalidade machista. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Hoje, a essa agressividade gratuita chama-se <i>bullying</i>,
mas, à sua natureza e expressão, há muito que eu a trato por tu.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">O que me valeu a mim e aos meus amigos?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">A família, sempre, indefetíveis de nós, o facto de estarmos
juntos e unidos, os versos de Fernando Pessoa, que são melhores do que a
tintura de iodo para tratar das feridas, e a fé, porque o Céu será sempre a
inspiração e ambição, algures por cima das nossas mais humanas fragilidades.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">E quando digo a fé, orgulho-me de dizer que a minha se
expressa na religião católica, de onde por vezes só se publicitam as manhãs
submersas, mas que a mim me permitiu cruzar com gente boa e maior.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Indefetíveis de nós.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Resultado de todos esses benefícios: não me recordo de não
gostar de mim, e jamais um pontapé me feriu a autoestima.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Nunca serei um herói, porque sou apenas um homem que caminha
em busca do melhor de si, reconciliado com a vida e com a sua história, mas
orgulho-me, e perdoem-me a imodéstia, de ter conseguido crescer sem azedume,
sem remorsos e sem a sombra de qualquer pena, passando hoje por alguns desses
que me agrediam, expressando-lhes um sincero bom dia e um sorriso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Com naturalidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">O que irá na alma deles não me interessa, já tenho a minha
para cuidar, e com ela já tenho muitíssimo trabalho.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Passado quase meio século, e perante as mais recentes
notícias, concluo que a liberdade tarda em aceitar a identidade, e a agressão,
assim, gratuita e imbecil, continua a fazer vítimas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Ruas escuras, minutos que doem... em cidades e tempos que
deveriam ser de primavera.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Já não necessitamos de chaimites, mas continuamos a precisar de
lavar-nos nas águas de abril, ateando os cravos no tom do respeito, da
educação, do civismo, de assumir que existe o certo e o errado...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif;">Só mais um detalhe que poderá ser relevante: tudo quanto vos
relatei acerca da minha adolescência era mantido no segredo dos muros das
escolas, mas eu estou seguro que a grande maioria dos pais dessa gente que nos
agredia, se acaso tivesse conhecimento de tais atitudes, condenaria abertamente
os seus filhos, e até seria capaz de nos pedir desculpa, a nós e aos nossos
pais.<o:p></o:p></span></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-19825280947983866172021-05-22T14:24:00.002+01:002021-05-22T14:24:34.287+01:00Este maio que tarda em amadurecer<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5IHcBizvH9Au8v36klbG480K2QnKE7hJhvKPfZwwAwv_IhTRARY6PLDYP0PmtAiccXWlp0vC5fzj4PM157DyVWgBY3EZDFk-HMLf3v_5Xz-FsY6yASgcoC5PcE3Vz4_pCwTDqSTftTfzI/s2048/maduro+maio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2048" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5IHcBizvH9Au8v36klbG480K2QnKE7hJhvKPfZwwAwv_IhTRARY6PLDYP0PmtAiccXWlp0vC5fzj4PM157DyVWgBY3EZDFk-HMLf3v_5Xz-FsY6yASgcoC5PcE3Vz4_pCwTDqSTftTfzI/s320/maduro+maio.jpg" width="320" /></a></div><br /><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">É no
silêncio que melhor se leem os pássaros, e que os glóbulos da ousadia, que
oferecem coragem ao sangue da alma da gente, se inspiram para voar num ímpeto
assumido de revolução. De encontro ao amor e à paz, por via liberdade, porque cabe
a maio cumprir e demonstrar que abril não foi em vão.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"> </span><p></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Este tempo
chamado maio, maduro só será nesse dia, quando afastarmos os ramos de giesta
para aproveitarmos as janelas que a fé nos rasga até nas horas da solidão mais
opaca e cruel.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Um maio sem
vertigem, por mais alto que se nos espreitem os desejos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Um maio sem
capas e sem adornos, por mais que nos atormente a moral.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Um maio com
esquerda e com direita, ambidestro na mais acérrima defesa da dignidade e da
verdade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Um maio com
Israel e com Palestina, e com as duas legítimas faces de um Deus só, jamais
desmembrado por inspiração do poder do dinheiro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Um maio sem
náufragos, sem cá e lá, sem nós e os outros, sem fome e sem intolerância.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Um maio sem
corruptos, sem malabaristas e mágicos no circo da desonestidade, e um maio onde
a política não seja a arte da ilusão e da palavra fácil.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Um maio de
todos, de iguais, de homens e mulheres… e de beijos tão diversos e tão naturais
quanto as pétalas de todas as flores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Um maio com campeões,
mas sem humilhados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Um maio
assim, com entrada por todas as portas do silêncio e com o ímpeto dos pássaros
que esvoaçam por entre o pólen, prenunciando os frutos e o verão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Um maio por
amor, e, já agora, com o amor do meu lado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">“Love is on
my side”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p> </o:p></span></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2724731955832845495.post-10381690976253091552021-05-12T16:12:00.002+01:002021-05-13T14:10:53.327+01:00Quanto mais verde é a erva, mais rubra se faz a papoila…<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLEkH_mVsNfI_5ryjS9VZGILTJkDSQHXqAvhUTpnOZw4JzknTGm6O9GYm7xg1fi55uQiHXmD55jxxeXIFOlFlFJGxmTlCX2hIWkbIwC9m7QVEueH891MnrYqRKapR0pfgFBtaxXjMwjKbh/s2048/Eu+papoila.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2048" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLEkH_mVsNfI_5ryjS9VZGILTJkDSQHXqAvhUTpnOZw4JzknTGm6O9GYm7xg1fi55uQiHXmD55jxxeXIFOlFlFJGxmTlCX2hIWkbIwC9m7QVEueH891MnrYqRKapR0pfgFBtaxXjMwjKbh/s320/Eu+papoila.jpg" width="320" /></a></div><br /></div><br /><span face="Arial, sans-serif" style="background-color: white; color: #222222;">O meu pai é adepto do Sporting, e se acaso vos surpreende o
tempo verbal que utilizo nesta afirmação, esforcem-se por entender a relação
muito próxima que a fé e o amor têm com a eternidade.</span><p></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">Cresceu o pequeno grande Artur numa família de Benfiquistas,
mas inspirado pelo padrinho, mestre barbeiro com quem aprendeu o ofício, e por
cinco jogadores do Sporting reconhecidos pelo seu magistral acerto de violinos,
acabou adepto e sócio dos Leões.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">Quando eu nasci, em minha casa havia um azulejo com o símbolo
do clube de afeição do meu pai, que vinha a Alvalade ver alguns jogos, e me
levava bandeirinhas e cachecóis verdes e brancos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">Em vão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">Por inspiração do meu tio José Boquinhas, e sobretudo por um
senhor de nome Eusébio da Silva Ferreira, eu não me lembro de jamais ter
torcido por outro clube que não o Benfica.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">O meu irmão nasceu cinco anos depois de mim e seguiu-me o
gosto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">Não me recordo de o meu pai nos ter contrariado nesta futebolística
afeição. É claro que havia gente que o questionava sobre tal, e que também nos
questionam a nós, ainda agora, mas, perdoem-me o considerando, é gente menor e
com défice de inteligência emocional.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">Quem é grande não teme o confronto de ideias e de paixões,
quem é inteligente, reconhece e entende o elevadíssimo valor que tem a
diversidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">Brincávamos muitas vezes com as questões do futebol, e ainda
tenho uma carta, daquelas que trocava com os meus pais quando vim para Lisboa no
início dos anos oitenta, em que, por certo em resposta a alguma provocação
minha, o meu pai escreveu:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">“Não te moas porque no próximo fim de semana, o Paulinho da cobra
venenosa te fará a barba no alguidar inteiro”, numa alusão ao Paulinho Cascavel
e ao fecho do terceiro anel do Estádio da Luz.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">Picardias que nos faziam rir, que nunca ofendiam, até porque
nesse tempo usávamos torcer pelas equipas Portuguesas quando jogavam com as
estrangeiras, e eu o acompanhava a Alvalade em muitos dos jogos que o pai vinha
ver, aproveitando sempre para me trazer uma encomenda com bolos fintos e broas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">Telefonávamos uns aos outros a felicitar-nos por alguma
vitória importante, e mesmo depois dos célebres 6-3 de Alvalade, o meu pai,
então num congresso da ANAFRE, em Braga, ligou para nos dar os parabéns.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">Ainda o meu irmão era estudante e inscrevemo-lo como sócio do
Benfica, com o meu pai a pagar-lhe as quotas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">Mais tarde era o meu irmão a ir ao Sporting pagar-lhe as quotas,
e quando a final da Taça UEFA se realizou em Alvalade, o meu irmão abdicou do bilhete
para que o pai Artur fosse ver o seu clube na companhia da nora, que também
alinha pelo verde.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">Por também gostarmos de vestir a mesma camisola, e por ela
ser precisamente verde e encarnada, fomos muitas vezes ver a seleção: em quase
todos os jogos do Euro 2004, em Colónia, Alemanha para o Portugal-Angola do
Mundial de 2006, em Genebra, Suíça, para o Portugal – República Checa do Euro
2008. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">Nos anos do tetra do Benfica, eu e o meu irmão celebrávamos o
título no Estádio da Luz com um abraço, e mandávamos uma foto para o pai, que
tinha um telefone algo rudimentar, mas conseguia receber mensagens.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">Ele ligava-nos depois, e sem que fosse necessário dizê-lo, liamos-lhe
na voz que qualquer incómodo pela cor das camisolas, era largamente ultrapassado
pela alegria de ver os filhos unidos e felizes. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">Não foi em vão que comecei por falar de amor.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">E para lá do amor, tudo se faz tão breve e tão supérfluo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">Ontem vi o fim do Sporting – Boavista e senti saudades de
ligar ao meu pai para poder dar-lhe um beijo de parabéns, mas porque também
comecei por falar de fé, sei que ele vibrou com o título de campeão do seu
Sporting, sentado numa nuvem em forma de poltrona, talvez a praguejar contra
algum jogador mais lento, como costumava fazer com o Pedro Barbosa e o William
Carvalho.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">Mas no final comemorou, e bem, porque a coisa foi muito bem
merecida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">Num dia desta semana fiz a foto que ilustra este texto, e
onde é fácil entender que quanto mais intenso é o verde, maior se faz o poder
rubro da papoila, porque tudo na vida nasceu para somar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">Quando eu deixar de olhar desta forma para o futebol e para
tudo o mais, deixarei de ser eu. Tenho o orgulho de ter aprendido com o meu pai
a ser assim.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;">E um abraço de parabéns aos amigos do Sporting.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText"><span face=""Arial",sans-serif" style="background: white; color: #222222;"><o:p> </o:p></span></p>Francisco Caeirohttp://www.blogger.com/profile/06651173722655260933noreply@blogger.com0