Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2011

A Tuberculose e o “Melhoral Infantil”

A justiça é um dos pilares essenciais de uma sociedade equilibrada, velando pelos direitos e deveres dos cidadãos e assegurando de forma eficaz que as regras definidas e assumidas pela maioria, no âmbito de uma democracia plena e activa, são inteiramente cumpridas. Reconheço à justiça uma função profiláctica com o objectivo de evitar desvios, mas também uma função punitiva sempre que se comprove a ruptura e a violação das regras, devendo existir sempre, nesta última situação, o cuidado de nunca ferir a dignidade da pessoa, dando à punição, simultaneamente, uma perspectiva para além castigo, uma busca de reinserção. Neste contexto, entendo por essencial que as regras sejam claras, que todo o modelo de justiça esteja adaptado à realidade do momento que se vive, e que a justiça seja eficaz na metodologia e no tempo. A intervenção da justiça na recente agressão de uma jovem por outras jovens e que foi parar à Internet pela mão de um outro, pelo facto de estarmos perante indivíduos menores

À rasca, a tinta e ao pontapé

Passei esta semana pela Praça do Rossio, em Lisboa, e não pude deixar de ler algumas das mensagens veiculadas em cartazes improvisados, que acompanham os jovens ali acampados e que são o rosto em Portugal, de um movimento também presente noutras cidades do mundo, como Madrid, com um acampamento semelhante na “Puerta del Sol”. Assumem a sua discordância com o modelo actual dos estados, quer seja na perspectiva económica, política ou social. Reivindicam um modelo novo que lhes traga mais oportunidades. Acompanhando a campanha eleitoral, assisti aos confrontos verbais entre Jerónimo de Sousa e os estudantes da academia coimbrã, quando durante um comício da CDU na cidade do Mondego, os estudantes reclamavam pelo facto das escadarias monumentais da Universidade terem sido pintadas com mensagens políticas da coligação comunista. Afirmava Jerónimo de Sousa a plenos pulmões que jamais vergaria, associando a manifestação destes estudantes à perseguição de que os comunistas tinham sido alvo no p

Velha Europa

São 11 horas da manhã de um domingo solarengo em Roma e eu estou com os meus companheiros de viagem no bar do hotel. Falamos em Inglês com o empregado que nos serve um excelente café Italiano e descobrimos que se trata de um Romeno emigrado. Abordamos a situação em Portugal e na Roménia e fixamo-nos nas raízes comuns das nossas línguas. Pago os cafés com Euros que tinha levantado numa máquina Multibanco no Porto. Seguimos para o aeroporto e até entrar no avião que nos trará de regresso a Portugal, apenas mostro a identificação por uma vez e só para provar que eu sou o mesmo cujo nome consta do bilhete. No aeroporto comprei o jornal Espanhol El Pais e é em Espanhol que actualizo as notícias de fim-de-semana enquanto o avião me traz de volta a Portugal, onde desembarco e saio do aeroporto sem que alguém me pergunte quem sou. No jornal fala-se do patrão do FMI e dos seus devaneios de âmbito afectivo-sexual num hotel de Manhatan, discute-se a possível gravidez da primeira-dama Francesa ref

Papoilas saltitantes

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Não há melhor momento do que a adversidade para temperar de sinceridade e verdade, a declaração de um grande amor. Por isso, no meio do azul das vitórias sem fim do Futebol Clube do Porto, o que me sai da alma e partilho convosco é de que nasci a amar o Benfica, vivo a amar o Benfica e morrerei por certo a amar o Benfica, sempre com a força das coisas que o nosso coração rotula de eternas e indissociáveis da própria vida. Quando recordo a infância, e apesar de ter um pai sportinguista que adoro, não me recordo de não ser do Benfica. Poderão ter sido os golos do Eusébio, as vitórias sem fim nos campeonatos dos anos sessenta e setenta, poderá ter sido o benfiquismo do meu tio Zé Boquinhas nos serões inesquecíveis em que preenchíamos o boletim do totobola com a ajuda de um pequeno pião de plástico com 1X2, mas que só usávamos para os outros jogos porque o Benfica ganhava sempre… Poderão ter sido os amigos, maioritariamente encarnados na hora de escolher o clube… É óbvio que todas estas ra

Azerbeijão 2012

Um mega show na Arena de Dusseldorf para a Alemanha mostrar ao mundo que na Eurovisão, como na Europa em geral, é ela que marca o ritmo dos festivais. A competição foi como sempre depois que a Jugoslávia e a União Soviética desapareceram do mapa: 43 países, 2 meias-finais a apurar cada uma 10 finalistas, e uma final com 25 países, 5 dos quais com assento sempre garantido por serem os maiores contribuintes da Eurovisão: Reino Unido, Espanha, Itália, França e claro, a Alemanha. Quanto às canções, os mesmos agrupamentos de sempre: • Indutoras de auto-estima : “Eu posso” (Reino Unido), “Novo Amanhã” (Dinamarca), “Uma vida” (Malta), “Tão afortunado” (Moldávia), “Eu continuo vivo” (Eslováquia), “É a minha vida” (Lituânia), “Popular” (Suécia); • Prémio Nobel da Paz : “Nunca só” (Holanda); “O segredo é o amor” (Áustria); • Lamechas : “Sente a paixão” (Albânia), “Com amor, bebé” (Bélgica); • Movimentadas : “Vê a minha dança” (Grécia), “Ninguém me rouba a dança” (Espanha); • O meu filho de seis

“Pintelhices”

Quando assisti a um ministro do governo de Sócrates a fazer corninhos com os dedos para a oposição em plena Assembleia da República, julguei que a política Portuguesa tinha batido no seu ponto mais fundo e que pior era impossível. No entanto, e provando que o slogan turístico de há alguns anos, “há sempre um Portugal desconhecido que espera por si”, se já não se aplica ao turismo, é mais do que válido para a política, assisti incrédulo a afirmações de um destacado militante do PSD, por acaso o que se encarregou da elaboração do programa do governo e que até afirma ser amigo, visita de casa e almoçar frequentemente com o Presidente da República, acusando a imprensa de fugir do essencial e prender-se apenas aos “pintelhos”. Que tirada de nível! Aqui há alguns anos existia na minha Vila Viçosa um Lavadouro Municipal, que mais não era do que um pavilhão cheio de tanques de lavar roupa, onde as mulheres a troco de um valor simbólico, iam lavar os trapinhos e sempre aproveitavam para desenfe

Milagres

Ontem foi dia 13 de Maio e Fátima voltou a encher-se de peregrinos. Um halo à volta do sol no momento da procissão do adeus, fez com que se revivesse o 13 de Outubro de 1917, com muita gente a admitir que de um milagre se tratava. Não pretendo aqui discutir Fátima e dissertar sobre milagres. Se a fé não se discute, manda a prudência que as crenças, e Fátima situando-se nos territórios da fé, está apenas ao nível das crenças, não devam ser alvo dessa mesma discussão. Se ao longo dos meus 44 anos e na perspectiva da viagem de vida conjunta com os meus amigos Calipolenses de sempre, Fátima foi por certo a estação onde nos apeámos mais vezes, sendo infinitas as histórias que guardamos na nossa memória, associadas a lugares, tempos e pessoas de Fátima, talvez a visita mais completa que fiz à Cova da Iria tenha sido a que realizei na companhia de um amigo, ateu confesso, mas interessado em ver Fátima pelos óculos da antropologia. Após circular pelo Santuário e depois de ver e sobretudo senti

“Quando mal, nunca pior” ou a inexplicável rendição à mediocridade

Como povo, o triste fado está colado ao nosso ser, tornando-nos submissos em relação a um destino que invariavelmente é negro, e que negro aceitamos encolhendo os ombros, recusando reconhecer em nós qualquer poder que de forma activa nos possibilite trilhar caminhos mais positivos. Habituámo-nos em demasia ao estatuto de pobres e marginalizados e não conseguimos jamais deixar de olhar para o futuro com as lentes do nosso negativismo crónico. “É a vida”,”não há nada a fazer”, “vamos indo, menos-mal”, “pelo menos haja saúde”, são frases repetidas até à exaustão no exercício diário do conformismo que elevamos ao seu expoente máximo e que até nos faz desconfiar sempre que parece soar algo de positivo. Mesmo quando nos sentimos bem, temos vergonha de o assumir, temos pudor, porque sabemos que o paraíso para nós é uma fugaz passagem. A perspectiva para um qualquer português é de que a sua viagem irá acabar sempre na estação da desgraça. Nas sondagens relativas às eleições de 5 de Junho que f

E viveremos felizes para sempre?

Fosse a vida uma História da Carochinha e hoje estaríamos a passar à fase pós ponto final, o momento em que descansados, viveríamos felizes para sempre. Na sexta-feira passada, o príncipe casou com a plebeia e concretizou mais uma vez o conto de fadas. O glamour invadiu as ruas de Londres para juntamente com muitos milhares de pessoas, aplaudir a passagem de William e Kate, naquele que até ao divórcio, será um dos casamentos do século. Não há nem sequer um republicano convicto que não saiba a cor do vestido da princesa, a cor do uniforme do príncipe e o número de beijos com que brindaram a multidão, e o seu desejo, espero, na varanda principal do Palácio de Buckingham. Nunca opomos resistência quando algo se propõe devolver-nos aos sonhos de infância. Mas para completar ainda mais o enredo desta história, verdadeira novela, ficámos a saber que os bons mataram os maus, no caso o mau, Osama Bin Laden. O presidente dos EUA anunciou hoje a morte de um dos terroristas mais procurados e odia

O Beato que nos passou à porta e… entrou.

A minha história familiar está repleta de agradáveis surpresas, chamemos-lhe coincidências, uma das quais ocorreu há 29 anos. Após longos anos de espera para nos mudarmos para uma casa maior, quis a fortuna que essa mudança para a casa do Largo 25 de Abril, na esquina com o Terreiro do Paço, se efectivasse no dia 7 de Maio de 1982, mesmo a tempo para que uma semana depois, a 14 de Maio, o Papa João Paulo II nos aterrasse à porta, quando peregrino da Senhora da Conceição, veio a Vila Viçosa presidir a uma Celebração da Palavra. Foi um dia diferente e que jamais esqueceremos, e por certo não será pelo facto de os helicópteros terem passado tão rente do nosso telhado que fizeram cair o pessegueiro, nem sequer pelo facto da família ter tido a companhia nocturna de um policia a guardar-nos o quintal, local identificado como de elevado risco para a segurança do Papa. O dia foi inesquecível pelo facto de ter superado as nossas maiores expectativas de que um dia um Papa nos passaria à porta. O