O vento forte nas pontes do sul…
Desde Vila Viçosa, regresso a Lisboa ao fim da tarde de domingo de Páscoa, e nos placards da autoestrada, a mensagem é clara: “Precaução: vento forte”... Sempre acreditei que quando crescesse deixaria de gostar de brincar com o pôr-do-sol. Pensamos tantas coisas destas a nosso respeito, sem nos darmos conta de que elas são tão intrinsecamente da genética da alma, e não da idade ou do tempo, que subsistiriam mesmo que vivêssemos mil anos. Na sexta-feira santa andei a brincar com o pôr-do-sol ali para os lados do palácio, e segui a frontaria caiada da porta do nó, até ao portão do meu antigo liceu. Não encontrei ninguém, mas o espaço e as pedras das ruas têm o condão de guardar a fala, o riso e o choro da gente, e apesar de quase ser hora de enterro do Senhor, ressuscitei mil lembranças que guardei nos bolsos fundos da memória. Nós temos esse condão de cruzar a nossa genética com a genética das ruas, e por mais camadas de cal que imponham às paredes das casas, a nossa silhu