Resistir
Há ruas nascidas para serem rios de abraços, e olhares, cúmplices de abrigos, que, sem reservas, e de forma gratuita, nos oferecem uma casa, com janelas, aonde possamos morar. As palavras correm com a generosidade fluida das fontes, e nós guardamo-las em cântaros de barro, ao lado do mel, porque da mesma raiz nasceram para virem matar-nos a fome e a sede. Coabitam elas, e o nosso saciado sossego, em poiais de laje, erigidos como altares no recanto da casa de onde se avista a lareira, que se acende muito cedo, de madrugada, com restos de azinho, e nos retira as dores ao mesmo tempo que nos aquece o pão. Em dias eternos, em que nem a chuva consegue distrair-nos, e roubar-nos o sol. Tentei ser fiel à minha terra, Vila Viçosa, partilhando convosco o tanto que ela é para nós. Não consegui, por pura insuficiência de jeito e inspiração. Será muito mais do que tudo isto. E por este tempo difícil em que as ruas quase secaram, os olhares se “enfeitam” de interrogações, e as palavra