O mar e a terra
Quando o lençol de azeite cobrir o peixe que chegou de madrugada, as mãos salgadas do herói pescador atar-se-ão finalmente às mãos frias do camponês generoso, que acariciou o barro e a geada quando o Outono já estava de partida. O mar e a terra, como o teatro e uma canção, como o silêncio dos monges e um grito de revolta na madrugada. O mar e a terra, como o jornalista e o pintor, como o navio e um avião, como o poeta e o jardineiro. O mar e a terra... ou esta essência íntima que nos mata a fome, por via da genética de unir num só, a audácia e generosidade. E o pão será sempre a liberdade. Tudo o mais são os muros perversos que se erguem entre nós e os outros com tijolos de intolerância. São cigarras, grilos falantes e gente que demitiu o cérebro e vendeu a alma para se recostar sem pagar bilhete de vergonha, no seu confortável hemisfério, quiçá até nas filas da frente, nos lugares onde o poder confeciona a censura, condenando o Homem a morrer à fome. O mar e a terra, como e