Frutos dos mesmos abraços...


Os meus e os teus livros ainda permanecem cúmplices, partilhando as mesmas estantes, e as nossas músicas, às vezes muito diferentes, cumprem igual e circular cumplicidade no rodopiar alegre do mesmo vinil.
Somos fruto dos mesmos abraços, e nos alforges tecidos pelas vontades partilhadas com a lua, guardámos essas tantas palavras, escritas e cantadas, do tempo em que tínhamos camas iguais e paralelas.
Parece que eu falava enquanto dormia, contando segredos, mas, entre nós, os sonhos eram mesmo coisa de repartir.
Os sonhos e essa tão doce inquietação...
O nosso lugar, soubemos desde cedo, esteve sempre muito para lá das estradas que diziam ser nossas, mas a persistência dos pés, mesmo cansados, calca o pó e a alma, desenhando os mais improváveis caminhos.
O nosso lugar, mesmo quando o verão insistia em esconder-nos o mar, conquistava-se com o impulso e a arte dos braços sobre os troncos despidos das árvores. Os remos de onde, antes, pendíamos os baloiços.
E quem não tem medo de sujar as mãos nas cores que lhe tingem o horizonte, sabe que não morrerá num lugar a preto e branco.
O nosso lugar...
É o mesmo poema, em versos distintos mas que rimam com o amor dos nossos pais e o abraço de tantos que nos sonharam.
Ter um irmão é o açúcar de nunca nos sentirmos sós no esbater suave dos impossíveis.
Parabéns, mano. 48 Fevereiros no mesmo abraço.

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