Cravos, vida e liberdade
Em casa da Tia Maria e do Tio João, em Vila Viçosa na Rua de Santa Luzia, um dos meus refúgios preferidos na infância, convivi desde sempre com um casal de irmãos, que não sendo da família por nascimento, o eram por afecto. A Tia Maria, algures pelos anos vinte e trinta do último século, tinha trabalhado em casa dos seus pais e tinha sido a ama que os criara desde o primeiro dia de vida, tendo por eles um indiscutível e indisfarçável querer de mãe. Há fotos da minha mãe ainda criança ao colo deles na manifestação de um afecto que depois transitou para mim e para o meu irmão de forma muito natural. Crescemos com a sua presença, brincámos com eles e anos mais tarde, já adultos, dava-nos um inegável prazer, conversar e partilhar a vida nas descobertas e em tudo o que ela tem de bom e de menos bom. Toda esta relação se manteve mesmo após a partida dos meus tios. O Sr. João Velez partiu também há alguns anos, em finais de Junho, e um enfarte fulminante eliminou quaisquer hipóteses de um...