Salta-me a tampa
Deparei-me com o aviso que aqui apresento, junto ao autoclismo na parede por cima da sanita da casa de banho de um café em Monsaraz.
Já sabia que estamos sempre a aprender mas finalmente e ao fim de 45 anos de vida, alguém me prova que não fora pela consideração para com as damas, e nós homens poderíamos utilizar uma sanita sem lhe levantar a tampa. Utilizar para quê? Para nos sentarmos a descansar?
OK, eu sei. Má vontade da minha parte. Quando falam de tampa estão a referir-se à protecção do rebordo da sanita.
Mas nesse caso e assumindo que a falta de consideração se exprime por gotículas de urina amarela a salpicar o anel de plástico branco, porquê presumir que os homens que frequentam aquele café têm uma elevada probabilidade de serem “porcos” ou então de terem tamanhos problemas de próstata que lhes impeçam um jacto firme e direccionado para o centro da sanita?
Não é lá muito simpático.
Para além disso, onde cabe aqui a tradicional solidariedade masculina?
Dado que o agradecimento está escrito no masculino, porquê deixar fora da “consideração”, os homens que também necessitem de se sentar para a satisfação de necessidades do foro do aparelho digestivo?
Está bem. Pode dar-se o caso de o autor ter sido tropa como eu, de ter convivido com os masculinos buracos rasos para defecação e ter sido treinado para satisfazer essas necessidades na muito “macha” mas terrivelmente incómoda posição de cócoras.
Mais…
Sendo este um lugar frequentado por muitos turistas, porque é que o aviso está exclusivamente em Português, acaso os estrangeiros são mais asseados do que nós? Ou pareceria mal chamar a atenção dos de fora sobre estas coisas?
Mal feito. Nós, os Portugueses, somos dos povos mais limpos que conheço e não digo isto por patriotismo.
Todas estas dúvidas me ocorreram enquanto urinava de pé e juro, sem salpicar o rebordo da sanita, porque disso me certifiquei enquanto fechava a braguilha.
Depois puxei o autoclismo e apesar de não estar recomendado, lavei as mãos com sabonete.
Antes de sair dei uma última olhadela ao espaço e senti-me um verdadeiro cavalheiro, muito orgulhoso, pois qualquer dama que se pudesse cruzar comigo à porta não teria nada para me apontar.
Se calhar ate pensaria que eu era estrangeiro.
Oh yes!
Eu, pelo contrário, encontrei no outro dia, numa casa de banho num restaurante (não tenho a certeza onde, mas penso que foi na Aldeia de Palheiros, um aviso sobre não se poderem deitar papéis na sanita, mas este apenas em inglês e francês. Neste caso, presumo que todos os portugueses que lá vão, já saberão que não devem fazê-lo! :)
ResponderEliminarQuerio Mano
ResponderEliminarNeste lugar solitário
toda a vaidade se acaba
todo o cobarde faz força
todo o valente se caga.
Obrar é a lei do mundo
cagar a lei do universo
e foi assim cagando
que eu fiz este verso!
Sentado na cagadeira
sinto uma emoção profunda
a bosta bate na água
e a água bate na bunda.
Porque mijas fora
se no entanto cagas dentro?
Ou porque tens o pau torto,
ou o cu fora do centro!
RUI PEREIRA