Expresso 2000

Foi hoje publicada a edição 2000 do jornal Expresso, meu habitual e indispensável companheiro nas manhãs de sábado.
Comecei a ler o Expresso por alturas de 1984/1985 quando entrei na Faculdade. Pela popularidade entre os estudantes, os porteiros da Cantina Nova, na Avenida das Forças Armadas, improvisavam todos os sábados ao almoço, uma venda de Expressos, e todos nós acompanhávamos a refeição “fantástica” de fim-de-semana, com as notícias do jornal que nessa mesma altura começou a ser dirigido por José António Saraiva.
E as notícias de primeira página, os destaques, eram mote para a conversa numa das poucas refeições semanais em que não tínhamos pressa e podíamos calmamente conviver com os colegas.
Mesmo quando havia cinema na parte da tarde, o Quarteto era mesmo ali ao lado, a cinco minutos de passo apressado, não estando assim comprometida a tertúlia dos imigrantes, dos que tínhamos a família a centenas de quilómetros e que nos colegas íamos construindo uma família alternativa.
Sempre volumoso e com muitos cadernos, esse Expresso de dez escudos e sem direito a saco de plástico, começou então a acompanhar-me todos os fins de semana e a impor-se como algo de primeira necessidade, de tal forma que hoje é impossível imaginar um sábado sem o ter ao meu lado. Um sábado sem Expresso seria como uma Páscoa sem folar, um Natal sem filhós ou um Benfica sem golos.
Desde sempre me agradou a isenção com que os diferentes temas são abordados.
Não há notícias ou assuntos proibidos e há uma diversidade de colunistas que permite sempre o exercício saudável do contraditório, possibilita que observemos um assunto desde vários ângulos e diferentes perspectivas, estimulando-nos dessa forma a pensar sobre ele e a reflectir sobre a nossa própria opinião.
O Expresso oferece-me credibilidade e seriedade, na política, na economia, na cultura, nos temas sociais e no desporto.
Admiro-o por tudo isso, por não vender a alma ao diabo, leia-se, não ceder à tentação do sensacionalismo que crassa na imprensa em Portugal nos dias que correm.
Ao longo destes anos de ligação surgiram novas propostas, novos jornais semanários, mas nunca nenhum conseguiu destronar o Expresso. Por exemplo, o Independente pela mão de Miguel Esteves Cardoso e Paulo Portas, era ousado e apetitoso na procura do escândalo e na construção das antecâmaras das demissões de ministros, era irresistível pela curiosidade, ou não fosse ele o antídoto do Cavaquismo BPénico, mas nunca conseguiu perturbar a minha fidelidade ao jornal fundado por Francisco Pinto Balsemão.
Hoje, dia 26 de Fevereiro de 2011, adquiri a edição 2000 do Expresso por três euros, com a esperança de que o jornal agora liderado por Ricardo Costa me possa fazer companhia em todos os sábados do futuro, porque o Expresso jornal será sempre a melhor companhia para o expresso café que me faz acordar em cada fim-de-semana.

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