Além Tejo
O sol a pique incendeia de calor o imenso mar cor de palha à nossa frente onde os sobreiros de tronco cor ocre despejados de cortiça são ilhas castanhas e verdes em alinhamento desordenado no longínquo horizonte que parece não ter fim. Ouvem-se grilos, cigarras e o eco dos nossos passos caminhando ao encontro desta festa de aromas infinitos onde só o poejo é prenúncio da água de alguma tímida fonte. Ao longe, há uma cascata de branco cal, entrecortada a azul e amarelo em linhas rectas verticais e horizontais, e no topo, um campanário de sinos soltos, sinaliza as almas e a fé, e junta-se ao sol a dar as horas à gente que dá vida a esta terra com marca do sul. A solidão, a quietude e a dolência destes dias, devolvem-me a alma. É verão. É Alentejo. Sou eu a chegar a casa.