Natal 2017
Quando
os meus olhos se fechavam contra o colo das avós, com força, não fosse um olhar
furtivo assustar o Menino Jesus, que trazia as prendas, talvez eu ainda não
desconfiasse que o Salvador nasce milhões de vezes nos braços de quem nos
sossega e acaricia, e que Belém é, afinal, a nossa casa e o melhor presente.
O
tilintar dos vidros na cristaleira da sala do primeiro andar sempre que
corríamos com mais pressa, e às vezes descalços, eram sinos informais e sem
bronze colocados nas torres com vista para o universo, muito mais do que apenas
uma cidade. Por esse onírico campanário se desenhavam histórias de rapazes com
asas e super poderes. Os sonhos desmentem o impossível e descalçam o medo que
nos tolhe o caminhar.E muito mais do que no menino reluzente e gordo moldado no barro pelos artesãos oleiros do Redondo, Cristo resplandecia no musgo trazido das árvores mais velhas do olival. Em tufos enormes de muitos tons de verde, o musgo tinha ainda preso a si, a terra cúmplice das mulheres lá de casa na carícia gélida das manhãs de geada e azeitona.
A terra é o sacrário onde Deus mora e floresce no pão dos simples, e nós trazemos Cristo solto no olhar e nos braços que se entregam cumprindo o amor.
Um
Santo Natal para todos.
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