Restauração
O povo já
não lava no rio porque tem o tanque na marquise ou comprou uma máquina, a
prestações, na loja de um Centro Comercial.
Os caixões
deram lugar a urnas sofisticadas, e estas já não são talhadas com machados,
sendo fabricadas em série, e chegando até nós com o patrocínio da Segurança
Social.
Apenas
persiste quem diga que nos defende, quem continua, sofregamente, a querer
comprar-nos o nosso chão sagrado, e, de forma algo atrevida, resistimos nós perante quem nos queira comprar a própria vida.
A laicidade
do Estado ainda não nos livrou do “ai Jesus”, nem de São Bento, que continua a
confundir vinho com vinagre, “Salarizando” os Antónios por via da arrogância,
muito mais do que por milagre.
O carácter e
a honradez estão ausentes mas constam das atas, tal qual a ubiquidade da gente que
ousa vir falar-nos daquilo que mais importa: a liberdade.
Por entre a
amnésia generalizada e a qualidade de vida cativada, os bois trajarão velcro
mas nós não nos livraremos nunca desta dolorosa marrada. Mas, porque do sonho
tomámos força e divina centelha, caso não anulemos a “besta” de frente, fá-lo-emos
de cernelha.
Vamos sempre
ter à mesa vazia, mas que se mantém redonda, rogando à malga, que por via de um
beijo de amor, de mão em mão, nos dê o querer onde a coragem não se esquive, e
se esconda.
Portugal,
entre a angústia e o sal do mar, será sempre apelido de alma, muito mais do que
triste fado, valendo-nos Dezembro e esta imortalidade, que por entre
aromas de urze e de lama, nos faz caminhar para um tempo doce e restaurado.
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