Cara a cara com o sol...
Existem madrugadas em que o tempo avança só para ficarmos mais perto do verão, e cara a cara com o sol. Parece cumprir-se, dessa forma, aquela perceção quase universal, de que o tempo tem asas. Mas terá mesmo? Andamos há um ano a reciclar essa ideia, estacionados aqui, dolorosamente, nesta ilha sem abraços e de sorrisos amordaçados pelo pano, náufragos de tantas certezas, envoltos, agora, por nuvens de silêncio e de solidão. Numa praia aonde o tempo não anda, ao contrário de um tal Rt, tão irrequieto. Há alguns anos, sempre que dizíamos que o tempo voava, a minha avó, do alto da sua sabedoria simples, mas infalível, respondia-nos: - Desenganem-se. Eu conheço o tempo, de um outro tempo em que ceifávamos de sol a sol e recebíamos o ordenado no fim da jorna, aos sábados, e juro-vos que ele tem passo de caracol. Eu ficava a pensar nisso. O tempo, salvo estes “soluços” induzidos por mão humana, em março e outubro, beneficia do rigor da matemática, e tudo o resto são perceçõe...