Київ або вічна недосконалість миру (Kiev ou essa eterna imperfeição da paz)
Em
paralelo com a eterna condição da mais perversa imbecilidade do Homem, a paz será
sempre um processo em curso, e jamais concluído.
Desengane-se
quem se senta tranquilo num jardim de acácias, para desfrutar, sossegado, desse
bem viver connosco e com o mundo. Mais do que a chegada, num sítio rico de
aromas aonde o mar nos embala, a paz é um perpétuo desejo que gera compromisso,
e que induz o gesto capaz de tecer o amor, no seu mais apurado detalhe de
filigrana.
De
preferência sem distrações, e, sobretudo, sem a mínima tolerância para com a
expressão do seu contrário, por mais gracioso, inofensivo e folclórico que nos
pareçam a cega ambição pelo poder, a discriminação, qualquer que seja o motivo,
e a castração do livre pensamento.
Por
mais pateta que nos pareça o ditador.
E
quem diz a paz, diz a liberdade e a democracia, suas indispensáveis aliadas.
Sempre
inacabadas, mas nunca impossíveis, porque a utopia é mãe da inação, e nos nossos
braços ferve um impulso claro de revolução.
Demasiadas
vezes, fomos criando, falsamente, a ideia, de que os ditadores jaziam em
mausoléus, e que o encontro com as maiores atrocidades cometidas sobre a
humanidade, só poderia ser conseguido em museus ou sítios guardados como
memória.
Puro
engano.
Acabou
a guerra fria, mas chegou a guerra nos Balcãs e no Golfo. Surge guerra no
Afeganistão, ataques terroristas em Nova Iorque, Madrid…
Porque
Elvis morreu, efetivamente, levando com ele as canções de amor, e é Adolf
Hitler que continua vivo, com a identidade de tantos rostos e em tantas
latitudes.
E
a paz, comprova-se, é o perpétuo trabalho das nossas vidas, acordados que fomos
pelas sirenes de Kiev, sob o céu negro que de uma vez só traiu o sol, o sonho,
Deus e a liberdade.
Ou
como se diz em ucraniano…
А мир, виявляється, це вічна праця нашого життя, розбудженого, як і ми, сиренами
Києва, під чорним небом, що враз зрадило сонце, мрію, Бога і свободу.
Comentários
Enviar um comentário