Aproveitando a ousadia que mora nas madrugadas…
Aproveitando a ousadia que mora nas madrugadas, eu
pintarei um dia inteiro de azul e sairei depois a voar contigo.
Sobre os montes, o preconceito, os medos e sobre o
tempo, essas horas que os beijos estreitam e a saudade dilata.
Haverá laranjas a espreguiçarem-se maduras, romãs a
explodirem grenás no verde matizado do Outono, o voo atento do melro ainda moço
na encosta que mira ao sul.
A história de um Homem é a memória dos seus beijos num
voo assim tranquilo sobre o tempo como Redford
e Streep sobre a savana em brasa.
Talvez nos lembremos mais dos beijos que não
terminámos do que dos outros que chegaram aos lábios e fizeram entorpecer as
palavras.
Num dia assim tingido de um intenso céu voltemos à
casa onde os beijos adormeceram e esperam que os resgatemos desse ser tão só
uma intenção.
Talvez o melro já tenha descoberto o tom rubro da
romã...
Nunca chegaremos tarde quando se trata de acertar a
nossa história. Para isso vem carregada de ousadia cada manhã.
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