Presépios e árvores de Natal...


As pessoas que persistem são árvores frondosas que nos abraçam de sombra perfumada nos jardins da memória.
De manhã procurei Aristides de Sousa Mendes em Jerusalém, nos jardins do Museu do Holocausto, e encontrei-o exatamente no dia em que passam 134 anos sobre o seu nascimento.
É um pinheiro frondoso.
De tarde, e quando o sol já se propunha deixar Belém, ajoelhei-me na gruta da natividade para saudar o Jesus menino, seguindo a geografia da fé e do Natal.
Há momentos maiores do que nós, e ali eu fui muito mais do que apenas eu: os meus pais, os meus avós, o meu irmão, os amigos todos...
A vida passou ali em 10 segundos, e com ela todos aqueles de quem sou feito.
Mas entre Aristides e a natividade de Jesus, reflectindo o mundo, há muros e uma fronteira com gente armada. 
No presépio do século XXI exige-se passaporte, e a crueldade mata a poesia das estrelas que definem os caminhos da liberdade.
Estamos sentados no hotel em Jerusalém, da mesma forma que antes em Vila Viçosa, ou como em Coruche em casa das manas. Partilhamos emoções, eu escrevo e o Zé Maria faz-me um retrato.
Hoje foi dia de Natal porque visitámos o presépio , fizemos reluzir Cristo em nós, e até sentimos o brilho de um pinheiro imenso e iluminado por um luzeiro que rompe o tempo: Aristides de Sousa Mendes.
Acho que daqui a pouco iremos dormir deixando-nos levar por um sonho sem passaportes.


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