Pai
O tempo muniu-se de uma estranha ventania, e foi-nos levando aos poucos,
contra a nossa vontade, as palavras, os nomes certos, os lugares...
deixando-nos tristes na aparente aridez de um livro branco de onde voaram as
histórias e todas as memórias bonitas que juráramos guardar.
Mas nós seremos sempre o antídoto do deserto e do cansaço, porque as nossas
mãos que se conhecem da raiz do berço, atam-se sem cuidarem de qualquer porquê,
para inventarem rios e nos levarem juntos até ao mar. O mar onde um beijo é uma balsa segura que segue as linhas fluorescentes das estrelas, por nada, sem razão, e sem destino algum, apenas na festa de ser cúmplice do céu…
E do amor, este tanto e imenso amor, que é toda a vida que permanece sobre o eclipse dos parágrafos e o voo da consciência.
Pode faltar-te tudo o mais que o mundo vê, mas tu, pai, és e estarás sempre inteiro e perfeito num beijo, no nosso beijo.
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