Joaquim...

 

Sempre que jantava em casa da avó Natividade, na casa da Rua da Pascoela, ela ia levar-me a casa, depois, ao serão, subindo pela Rua de Santo António.

Nesse passeio noturno, que no inverno tinha o prazer de uma das pontas do seu xaile, reparávamos na falha, e no reboco, de uma das fachadas do lado direito, que tinha a forma quase perfeita da cara de um rapaz.

Daí até casa, inventávamos histórias que tinham como herói aquela criatura inventada a partir da fragilidade da cal.

No outro dia, cinquenta anos depois, passei pela Rua de Santo António, e reparei que a “cara” do rapaz ainda lá está, embora um pouco enrugada, por mão de uma pintura qualquer.

Esta semana estará à venda nas feiras do livro de Lisboa (Pavilhão D03 / Alfarroba) e do Porto (Pavilhão da Ibook), e nas livrarias nacionais, virtuais ou físicas, uma coletânea de 400 escritos da minha autoria, que por serem tão assumidamente da minha alma, ganhou o nome de “Joaquim“.

Chamam-lhe poemas, mas eu vejo-os apenas como claraboias abertas para o meu peito, por onde ele se mostra e respira, e eu, que não sei se sou poeta, porque isso é coisa de gente grande, serei apenas um eterno rapaz, que, demitindo-se de crescer, continua a colecionar histórias que vai colhendo pelas paredes, “rebocadas” ou não, que tem a vida.

Com mais despudor do que inspiração, e sempre com amor, com Deus e com a liberdade.

A capa deste livro tem um desenho a carvão da autoria do meu amigo José Maria Barreiros.

Estarei sempre grato à sua arte e extrema generosidade.

Deixem que informe os meus conterrâneos calipolenses, que, em Vila Viçosa, o livro só estará à venda, e também a partir do próximo fim-de-semana, na loja do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, ao castelo, porque não existindo, por razões pessoais e de saúde pública, qualquer sessão de lançamento, resolvi que a totalidade da verba resultante da venda dos livros, aqui na nossa terra, reverta em partes iguais, para a Confraria de Nossa Senhora da Conceição e para a Conferência de São Vicente de Paulo, por meu compromisso e devoção, e também em memória do meu pai.

Para autografar os livros, estarei na Feira do Livro de Lisboa, no dia 5 de setembro, às 14.25 horas, no auditório sul, na Feira do Livro do Porto no dia 6 de setembro, às 18.00, junto ao stand, e em Vila Viçosa, à distância de um convite para tomarmos café e conversarmos um pouco.

Sempre com a máxima segurança e com a certeza de um abraço oftalmologicamente intenso e carregado deste afeto que flui entre nós e me faz bem.