A liberdade “esteve” a passar por aqui
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No verão de 1996, acompanhado pelo meu amigo João Paulo, cheguei à estação central de Budapeste, vindo de Viena no Expresso do Oriente. Sem Poirot e sem qualquer crime a bordo. Cerca de sete anos após a queda do muro e da cortina de ferro, deparei-me com uma cidade suja, de ruas infestadas de lixo, onde a única preocupação tinha sido retirar os símbolos comunistas, cujas sombras ainda estavam visíveis na pedra dos edifícios. A senhora que nos vendeu os bilhetes para o metro, muito empenhada no seu tricot, e incomodada pela nossa presença, praguejou mil desaforos na sua língua nativa enquanto soprava. Fomos assaltados nessa viagem de metro, com grupos de homens a rasgarem-nos as mochilas, e sempre que nos sentávamos numa esplanada para tomar um café, poderíamos colecionar dezenas de panfletos que publicitavam bordéis e sexo a bom preço. Em Budapeste, como em tantos outros lugares, sem o menor civismo, na ausência da autoridade e do pudor, a liberdade era celebrada dessa forma ab...