Esperando a notícia


Na minha cidade, o eco dos cravos persiste, com férrea vontade, entre os murmúrios, inundando as manhãs, claras ou não, de um indisfarçável sabor a liberdade.

À sua sombra, e ainda que chova ou faça frio, eu espero, insistentemente, pela notícia feliz, dando uso ao banco de madeira, que é benefício de quem legitimamente espera pela paz que semeou.

Entre os arbustos, os olhares dormentes, e o passo de quem ainda não aprendeu a trocar a pressa pelos detalhes de festa que qualquer coração confessa, muito cedo, quando ainda é manhã.

Oxalá a História não me desiluda, e possa, em verdade, colocar o amor, com versos ou prosa, na primeira página do jornal.

O renascer da notícia, no armistício guiado pelo sonho, e na vitória plena e lavada da poesia.

Tirar-lhe-ia o meu chapéu, saboreando de Lisboa, o assobio afinado de uma melodia nascida da revolução.

(Foto: Lisboa | Campo dos Mártires da Pátria | Manhã de 30 de novembro de 2022)

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