Fátima
Há
alguns anos numa viagem de táxi entre o aeroporto de Newark e Manhattan fui
conduzido por um motorista Americano, muçulmano xiita confesso, que quando a
determinada altura da nossa conversa se apercebeu que eu era Português me
referiu que Nossa Senhora de Fátima era um apropriação indevida dos católicos
perante as manifestações de Fátima, a filha do Profeta Maomé, a quem a sua
religião atribui o título de al-Zahra (a Resplandecente), um reconhecido modelo
de virtudes para a mulher muçulmana.
Com
a mesma convicção que ele usou na sua afirmação, respondi-lhe dizendo que eu era
católico e que não só mas muito por esse facto, acreditava que a
“Resplandecente” Senhora do Rosário de Fátima era Maria, Nossa Senhora, mãe de
Jesus, um modelo de mulher e mãe.
Sorrimos
um para o outro e seguimos a conversa por outros assuntos que já não sei
precisar. Afinal de contas, a fé não se discute, e o que nos unia aos dois, o
essencial, a fé em Deus, era bem maior e mais importante do que tudo o mais de
divergência induzida pela cultura e pela religião, uma diferença que nos poria
num absurdo confronto pois jamais se abriria a hipótese de uma conclusão aceite
por ambas as partes.
Num
táxi algures nos caminhos de Nova Iorque e a uma escala demasiado microscópica
para as dimensões da Terra, dois desconhecidos constroem um “modelo” com base
no respeito e no enfoque especial e prioritário no essencial que une, o
antídoto para que a guerra jamais possa ter o sobrenome de “santa”.
E
Fátima como argumento e inspiração para uma atitude de paz.
Em
trânsito para o Porto na A1, a data de 13 de Maio convidou-me hoje especialmente
a uma paragem em Fátima.
A
missa no recinto há muito terminara mas há milhares de pessoas que circulam
cumprindo o roteiro ditado pela sua fé, milhares que não conseguem “matar” o
silêncio que se respira e que se associa aos olhares na tradução do misticismo,
da “magia” de Fátima.
A
inconfundível paz de Fátima.
Eu
sou apenas um entre milhares mas estranhamente sinto o conforto de quem está em
casa.
A
fé a fazer confluir as vidas de tantos anónimos para o conforto de um espaço
espiritual comum. Ao redor da Capelinha somos muitos e todos diferentes mas
sabemos que o acariciar das contas do terço a todos nos põe na voz e na alma as
mesmas palavras: Ave Maria.
Fátima,
paz traduzida no real “encontro” de todos os Homens, a morte das diferenças que
separam.
Corre
um leve brisa fresca de fim de tarde quando saio do recinto não sem antes me
recordar do meu “amigo” taxista de Nova Iorque.
Peço
a Maria, Senhora de Fátima e da minha fé, por ele, e peço paz para todos os
Homens.
Uma
paz assim na tolerância e universalidade.
A
paz de Fátima.
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