O teu olhar mora na luz das manhãs de Maio...
O
teu olhar mora na luz das manhãs de Maio; um perpétuo olhar, mesmo quando as
nuvens rasgam o céu e o tingem do cinza tom da água que insiste sempre em vir
matar a sede às fontes.
E
quando o meio-dia rompe no tempo a clareira para cumprir a dolência com que nos
veste o sol a pique na planície que sentimos nossa, eu sei que os teus braços
me esperam alinhados na forma perfeita da sesta que nos levará pelo trigo e
pelo sonho, fieis seguidores que somos de nós mesmos e da liberdade.
As
nossas mãos à solta trilharão a rota que o desejo desenhou nos corpos um do
outro, linhas secretas e transparentes tatuadas à superfície, na epiderme, pelo
querer que mora profundamente em nós, no átomo onde só os poetas conseguem chegar
para colherem palavras, rimas e versos.
E
sabemos que o silêncio guarda sempre os beijos que despentearam o pudor,
desalinhando-o sem tréguas até que a brisa fresca que arrasta o rosmaninho nos
lembre que já não tardam o serão e o luar.
A
lua de Maio que rasga a noite com os detalhes todos do teu olhar.
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