Se o tempo tivesse asas...
Se
o tempo tivesse asas, como usa tantas vezes pensar e dizer a gente, eu tomava
agora mesmo um minuto e ia já ter contigo.
Mas
não…
Eu
sei que a paixão destrói irreversivelmente o sentido racional dos dias; e também
os distende, como agora, enquanto fico por aqui e escrevo luas nos silêncios e
flores sobre todos os inéditos desejos que revelaste em mim.
O
choro mais triste é o de quem não tem caminho.
E
como poderá querer ter pão quem nunca oferece as mãos à terra cravejada das silvas
de onde só fugazmente colhe amoras?
Às
vezes choro sentado numa pedra à beira da estrada que me leva a ti, mas é
aquele líquido sorrir salgado de quem ama e sente saudades por entre os distendidos
dias da solidão.
Sim,
o choro de quem espera e te pressente nas praças de todas as cidades do mundo.
Mas
todos os dias escrevo trigo fértil pelas madrugadas, quando as minhas mãos
rasgam ribeiros robustos sobre a aridez de não te sentirem por perto.
Eu
sei que o teu olhar sabe a pão.
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