PORTUGAL
Vivemos
entre a quietude e um desassossego quase sempre feito de saudade, e por tanto sonhar-nos
caravela, e insistirmos navegar, tornámo-nos naquilo que somos hoje: o próprio
mar.
Acenamos ao
Céu no meio dia de Fátima, escrevemos o futuro nas linhas que o azeite inventa
entre nós e o horizonte, nas terras do sul; e a norte, multiplicamos o sol
reinventado o chão em degraus de vinho que sobem desde o rio, por onde subimos
com fé contrariando a morte.
Dirão que
somos uma pequena praia e um ínfimo instante no tempo inteiro do universo, mas
o nosso espaço é o infinito que o olhar nos apregoa, e a nossa História tem
dimensão de eternidade, mesmo cabendo num só poema de Camões ou de Pessoa.
Acordamos a
alma à noite, sob um xaile de lua, e o fado que se escuta põe na mesma rima, a
festa e as dores, porque só somando as duas se dizem os amores.
Mudamos o
destino com cravos que colhemos da raiz da liberdade, e por uma nova madrugada
somos heróis, imprevisíveis, poetas, pedreiros, artistas... somos vadios em
corpos pausados de eremitas.
Portugal,
mais do que país, é um modo de ser muito para lá de todas as palavras que podem
ser ditas.
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