“PORTUGAIS”
O
fim de tarde está magnifico quando me dirijo para a missa das 7 no Mosteiro dos
Jerónimos.
Corre
uma brisa suave e brilha essa luz perfeita que só Lisboa e a beira Tejo nos
conseguem dar.
Percorro
a calçada entre o Museu de Marinha e a Igreja dos Jerónimos, fugindo ao
amontoado de alcatifas verdes, imitação grosseira de relva, desvio-me do
palanque com o símbolo do 10 de Junho que está colocado junto a uma marca PR
assinalada a branco no asfalto, e assisto caminhando ao desmontar do circo.
O
Portugal dos políticos levantou a tenda e estará pronto para a montar de novo e
em breve num qualquer lugar perto de si, para por certo falar de esperança, de
futuro e de Portugal.
Avanço
e aproximo-me da entrada da igreja.
No
chão há uma placa em pedra e contém as assinaturas de todos os líderes europeus
que assinaram o Tratado de Lisboa.
Estão
lá todos.
O
circo dos políticos é nómada mas nunca abdica de deixar as suas marcas, nas
calçadas, mas sobretudo nas nossas vidas.
Entro
nos Jerónimos, e vejo o túmulo de Camões à direita. Tem flores frescas.
Camões,
aqui e sempre será Portugal.
Portugal
em coma, nos cuidados intensivos, mas com flores na jarra, oferecidas pelos
parentes, falsos e hipócritas, que anseiam fazer fortuna sobre os restos da sua
herança.
Recordo
os discursos da manhã.
O
Presidente fez como faz sempre, descarregou a consciência enunciando os
problemas, mas sem nunca apontar caminhos para os desempregados, para os que
passam fome ou os que não têm futuro.
Palavras
ocas e sem coragem, sabem a pouco e não dão alento.
Num
exercício de círculo fechado em torno de si, falou do seu tempo de
primeiro-ministro para dar exemplos da coragem dos líderes europeus.
Teremos
chegado aqui por acaso?
Não
há responsáveis?
O
presidente no seu melhor a assobiar para o lado.
Mas
na manhã do 10 de Junho deixem que saúdo uma voz que veio da Universidade de
Lisboa, da minha Universidade, o Prof. Sampaio da Nóvoa que sem medos e despido
do politicamente correcto, falou dos vários “Portugais” que existem em
Portugal.
Com
coragem, encarregou-se de levar o verdadeiro Portugal para o palco do circo dos
políticos hipócritas que nos ligaram às máquinas do coma profundo.
O
Portugal que os políticos jamais saberão que existe. O Portugal que jamais
quererão saber que existe.
Saio
da igreja após a hora e pouco que pelo menos uma vez por semana, ofereço a mim
próprio, de paz e de gozo do privilégio da fé.
Lisboa
continua linda e corre persistente a brisa enquanto a cidade se prepara para se
oferecer à noite.
Já
não há restos de alcatifas pelo chão, há carros estacionados e a gente que
parte para os afazeres das duras vidas dos onzes de Junho do verdadeiro
Portugal.
Que não nos falte a fé e que para sempre se mantenha vivo Portugal.
GRANDE DIA PARA OS POTUGUES .
ResponderEliminarMAS CADA VEZ, COM MENOS ESPERANÇA DE FUTURO
RUI PEREIRA
GRANDE DIAS PARA OS PORTUGUES .
ResponderEliminarMAS CADA VEZ , COM MENOS ESPERANÇA PARA O FUTURO
RUI PEREIRA
Meu bom amigo, em Portugal o presidente só se refere a assuntos que são da responsabilidade do Governo e o Governo faz o inverso. Assim falam os dois e não actua nenhum. Eu não lhes chamaria políticos, chamar-lhes-ia simplesmente falsários, assim a modos que corsários, mas piores.
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