E então haverá mel colhido pelos meus lábios na fonte do teu sorriso com aromas de açafrão…
Por muito que Abril insista nas águas mil que lhe
oferece a genética, jamais se desmanchará a primavera.
E nem sequer será apenas por quaisquer detalhes ou subtilezas
que cumpre o calendário...
Há um destino inevitável de malmequeres que se
pressente intensamente nos campos que por estes dias se espreguiçam verdes
enquanto eu passo.
Eu sei...
Cedo ou tarde chegará o sol para aquecer a erva e nos
oferecer um leito informal na sombra que roda levando-nos com ela como que
bailando lentamente com o sobreiro.
O baile na roda que não desperdiça nem um só segundo de
um dia inteiro, quando as nossas mãos deixam de doer de vazias.
E então haverá mel colhido pelos meus lábios na fonte
do teu sorriso com aromas de açafrão.
E as palavras todas que deixarmos entre os trigais
contarão a nossa história de amor e serão rubras de liberdade como as papoilas
a que Abril liberta as pétalas que o vento desenruga depois pela perseverança
das suas carícias.
É tão bom poder dizer que gosto de ti.
Estes são os dias bons de sermos completos e sem nada nem
ninguém entre nós e a nossa voz.
Por mais intensa e persistente que fosse a chuva
tingindo-nos os dias de água em lama e de cansaços...
Eu sempre acreditei que o destino me traria até aqui,
à Primavera que trazes contigo nos beijos, ao tanto do sol de Abril que
carregas nos teus braços.
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