Lisboa tem um pacto com o tempo e os seus dias são breves instantes da eternidade que a abraça...
Estou
“empoleirado” na grade do Camões que mira o Tejo pela Rua das Flores, e se é um
facto que já não vislumbro a Genoveva, finada em tragédias antigas, vejo que em
seu lugar o tempo plantou sardinheiras de todas as cores.
Lá
em baixo o Tejo sobrepõe-se azul ao casario do Cais do Sodré e parece que só o
rio importa; a estrada de água que o olhar cruza até ao sul.
O
pensamento oferece o privilégio de um passeio em companhias eleitas, e por ele
desço o Chiado ao ritmo do toque da bengala do João da Ega sobre a calçada
desenhada nos passeios da Rua Garrett.
Olhamos
de relance à direita para o Grémio…
Só
que não vimos do Tavares e não falamos do Dâmaso ou da Gouvarinho, talvez desçamos
apenas para um Pastel de Bacalhau na Rua Augusta, mas só depois do slalom entre a Babel de turistas que os low cost fizeram aterrar esta manhã na
Portela.
E
depois de atravessar o Terreiro e chegar ao Cais das Colunas, eu vejo que
dispensei o pensamento e as companhias que ele me traz, porque tu vieste
comigo.
Então,
depois de te ler uma carta de amor, por instantes viro costas ao Tejo e miro o
Arco e toda a Praça.
Não
há dúvida, Lisboa tem um pacto com o tempo e os seus dias são breves instantes
da eternidade que a abraça.
Comentários
Enviar um comentário