A lua
De noite, quando às vezes me espreguiço, eu abraço a
lua, e conto-lhe aos ouvidos os segredos que não revelo a mais ninguém.
Só a lua conhece o nome guardado entre o pó das rosas
que adormeceram há tempo sobre a mesa onde nascem escritos os meus versos.
E enquanto a Terra se entretém a chamar e a entornar o
mar sobre os seus braços de areia, a lua esconde-se nas sombras de quartos
crescentes ou minguantes; ou então permanece destapada e grande, disponível
mais do que nunca para o meu abraço.
Eu tenho em mim milhões de quilómetros de palavras de
amor que se me soltam entre o teu nome, em segredo, enquanto me espreguiço
quando a noite já vai muito para lá de meia.
E a lua que não desperdiça nem despreza uma só dessas
palavras fica assim com mais área para as guardar, fica mais redonda e usa
dizer a gente que está cheia.
Comentários
Enviar um comentário