Quantas histórias...
Quantas histórias se colhem na cidade onde a
primavera desenhou improváveis altares de flores?
Os meus passos calcam sem querer as memórias
de outros de outras tardes, enquanto as lembranças me acenam por entre o
silêncio e o ocaso.
O sol fala mais intensamente através das
sombras do que da despudorada luz sem filtros que nos encandeia; e o silêncio é
o cais que nos predispõe às palavras novas, aquelas que de outra forma
correriam como a água do Tejo, sem que lhe prestássemos atenção.
Talvez o poeta seja um menino descalço de
alma e de pés que persiste a brincar na rua onde as casas só aparentemente vão
ruindo. Um menino com um moleskine
vermelho na mão direita para colher tudo das sombras e do silêncio.
No Cais do Sodré, a rua vazia e só minha é
mais cor-de-rosa do que nunca num asfalto em exclusivo para os meus passos.
E as flores...
De quem mais preciso eu para lá de mim, se a
primavera me deixou recantos e histórias, lembranças perfeitas de perpétuos
amores?
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