Portugal ou buscando o mar
O
sol está a pique, e a planície arde no seu esplendor ocre, pincelado aqui e ali
pela nobreza dos sobreiros que recortam o horizonte, impondo o seu verde neste
namoro perfeito e imperturbável entre a terra alentejana e o mais intenso azul
do céu.
A
estrada, recta infinita e persistente, é nossa cúmplice e transporta-nos, na ânsia
e no clamor pelo Tejo que sabemos sempre, estar certo mais além abaixo na
encosta, quando terminarem as giestas e as estevas.
Chegamos
por fim, e repousamos o olhar, entregando a alma à paz do lento correr das
águas.
Cruzamos
o rio e subimos.
Subimos
nós e connosco sobe a Terra, que em braços de granito erguidos aos Céus, se faz
Serra e se impõe, perfeita montanha, oásis doce e rubro de sabor cereja.
A
Gardunha é o degrau que nos dá alento e nos inspira a pular à Estrela, mágico,
supremo e divino altar.
Avança
a tarde, e passando a Guarda, deixo-me ir buscando intensamente o sol, cruzando
louco os caminhos traçados pela bravura lusitana de Viriato, sabendo que o
ocaso me revelará a Ria, o mar de Aveiro, paraíso da fertilidade em verde moliço.
Finalmente
o mar…
No sopé da belíssima e grandiosa Serra da Gardunha, o Fundão encontrou as condições ideais para o cultivo da cereja
ResponderEliminarverdadeira liberdade é um ato puramente interior, como a verdadeira solidão: devemos aprender a sentir-nos livres até num cárcere, e a estar sozinhos até no meio da multidão
Rui Pereira