Santos dias
Isabel,
mulher de Aragão que D. Dinis fez rainha e a fé do povo fez Santa, é celebrada
hoje em Coimbra, dedicando-lhe a cidade dos estudantes, o dia maior do município.
Entro
pois em Coimbra com o privilégio da ausência de trânsito, e com tempo para
simultaneamente conduzir e olhar em volta.
Gosto
particularmente quando a Rua da Sofia faz uma curva e nos coloca perante a
Igreja de Santa Cruz. A bandeira da cidade e a primeira bandeira de Portugal,
branca e com uma cruz azul, assinalam que ali repousa o Primeiro Português, título
que merece o Inventor de Portugal, D. Afonso Henriques.
A
imponência da fachada faz jus à importância do local, por certo um dos mais
marcantes do ser Português.
Começo
a subir, passo pelo mercado e, sinto-me a viajar na história pois acabei de
chegar à Praça da República.
Vejo
em frente o Jardim da Sereia e penso na adequação geográfica pois bem próximas
têm estado as agruras da República com o canto enganador de tantas sereias.
Mas
viro à direita e estaciono junto à Cantina tendo de frente para mim a Escadaria
Monumental da Universidade.
Pela
segunda vez me cruzo com D. Dinis pois foi ele que em 1290 através do documento
Scientiae Thesaurus Mirabilis, criou aquela
que é uma das mais antigas universidades da Europa.
Pretendia
o rei, um dos maiores líderes que tivemos na nossa história, e dos mais importantes
na preparação da epopeia dos descobrimentos, criar excelência e promover o
desenvolvimento do país.
A
cultura e o estudo para desenvolver Portugal.
Regresso
ao Século XXI olhando para a escadaria e vejo ainda nítidas as siglas de um
agrupamento partidário que até engloba ambientalistas, que nas últimas eleições
resolveu fazer campanha perpetuando-se a tinta azul e vermelha nos degraus da
dita.
A
política do Século XXI a borrar a Universidade.
O
rádio dá as notícias das 14 horas e ouço o primeiro-ministro de Portugal
afirmar que não tem relevância política, o facto de um ministro do seu governo
ter conseguido uma licenciatura apenas num ano, com base na sua experiência
pessoal e profissional.
A
política do Século XXI a borrar a Universidade.
Será
sina?
Ou
será que os milagres no Século XXI, das rosas e agora também das laranjas, são
operados nessa máquina incrível de fazer licenciados que se chama Universidade
Lusófona, que nasceu para envergonhar e “borrar” a Universidade Portuguesa?
O
Homem é um ser uno, completo e sem compartimentos, e quando se é desonesto em
alguma questão, é-se desonesto na globalidade e não se tem nobreza no carácter.
Forjar
diplomas universitários por vias ilícitas de novas ou velhas oportunidades, tem
relevância política porque mancha definitivamente o carácter dos sujeitos
impedindo que eles se apresentem “limpos” na vida e também obviamente na
política.
Mais
do que a formação, os conhecimentos ou a preparação que afinal não se tem, é a
honra que fica definitivamente beliscada nestas jogadas feitas pelos juniores
da política, que entretidos nas suas jogadas pela conquista do poder, se
demitem de estudar e de se preparar para poderem um dia “jogar” o campeonato
dos seniores, investindo apenas no transformismo que fabrica doutores e
engenheiros ao melhor estilo das “marafonas” do Carnaval de Torres.
Por
isso, e quando se falar de crise, que ninguém diga que não sabe como se chegou
até ela.
Saio
de Coimbra pela Portagem e olho lá longe o Novo Mosteiro de Santa Clara, onde
repousa Santa Isabel, à sombra do qual cá em baixo está o Portugal dos
Pequenitos.
Faço-me
à A1 em direcção a Lisboa e não resisto a pensar como de milagres estamos tão
necessitados, minha Rainha Santa, por de tão pequenitos estar tão cheio
Portugal.
Quantas saudades . . .
ResponderEliminar. . . como eu gostava dos "mil-folhas" da Sírius ! Parecidos , só os do bar da Estação Nova da CP ! ! !
Em 1986 , quando entrei para a minha primeira aula , atrasado , como viria a acontecer habitualmente :
- "Ó pá , olha que isso aqui não se usa !" . O "Corrécio" , com aquela voz de trovão , referia-se às sapatilhas , pois viria a saber que escola , sapatilhas só para as aulas de Educação Física !
Num dos meus primeiros dias de Coimbra , quase fui atropelado pelo combóio que se passeava ali pela Baixa ; quando ouvi aquele "buzinão" quase em cima de mim , instintivamente saltei para o lado e qual não foi o meu espanto , quando vi aquele "cavalo de ferro" com um grande holofote aceso na testa (era já noite !) , passeando-se autenticamente pelo centro da cidade !
O primeiro colega que se dirigiu a mim e que de certa maneira me ajudou a desinibir e a integrar naquele novo ambiente , foi a minha colega PAULA MURTA , AMIZADE que ainda hoje perdura e . . . a Paula Murta acabaria por se tornar a minha amiga de sempre !
Aquele abraço , Grande da Paula , ! ! ! Recordo com saudade , ( que grande Mulher e Amiga ! ) .
Vivi em Coimbra anos 1980 , talvez a melhor fase da minha vida .
Que saudade da velha praça da República e da estrada para São Martinho do Bispo , saudades do tempo em Coimbra
RUI PEREIRA