Páscoa
Em sexta-feira santa, parou a chuva muito pouco antes de subirmos ao castelo, ao santuário e ao altar da Padroeira, para que ao abrir de um pano negro, espreitássemos o calvário. E pelas ruas, com a calçada ainda húmida da incessante chuva de todo o dia, ladeámos em silêncio, o Penitente, anónima figura sem rosto e alvas vestes que transporta a cruz de onde também pendem panos brancos e onde Cristo já não está; os Profetas José de Arimateia e Nicodemos, cada um transportando uma escada usada na descida de Cristo da cruz; os andores de São João Evangelista e Nossa Senhora das Dores, filho e mãe, maternidade de toda a humanidade saída das dores de ao pé da cruz; a Verónica, que da sua generosidade faz imprimir a sangue no pano branco, o rosto sofrido de Cristo; o Anjo do Senhor que transporta o cálice da paixão; Maria Madalena, de negro e pela tradição coberta de infinitos ouros, carregando a taça que recolhe o sangue de Cristo dado como herança à salvação da humanidade; e Cristo, mo...