Pai
O
importante será sempre o amor que nos une, esse amor que brilha intenso na
expressão dos beijos, abraços, palavras, olhares, silêncios, amuos, nas
gargalhadas e em todos os gestos, mesmo os mais pequenos.
E
o amor tem o sabor do bolo com a forma de pato que me compravas na Pastelaria
Azul em cada regresso do cinema, e que eu comia alegre no meu despertar na
manhã seguinte.
E
o amor carrega o sonho e as asas desse papagaio de papel que fizemos juntos com
o Zé Artur e que depois fomos os três lançar na encosta do castelo.
E
o amor tem o conforto da tua mão na minha fronte, peles de uma só pele, nesse
meu “regresso ao mundo” no despertar da anestesia na cama do hospital.
E
o amor tem a confiança da tua mão na minha, o sentir do teu respirar bem junto
a mim, quando estando os dois em frente ao pequeno espelho, me ensinaste as
regras do bem barbear, nessa primeira vez que peguei numa lâmina para rapar os
pêlos da minha face de catorze anos.
E
o amor carrega as cumplicidades desse serão calipolense em que por entre voltas
e mais voltas, me ensinaste a fazer o nó na gravata, o qual reproduzo,
lembrando-me de ti, em todas as manhãs.
Incalculável,
este amor que tem a dimensão de uma herança que é afinal a própria vida, a vida
toda.
E
este amor existe e tempera a dor de saudade, a distância que por vezes se nos
impõe e que eu insistirei em matar, cumprindo esse impulso de te querer sempre junto
a mim.
Eternamente, jamais desistirei de ser o menino que brincará entre o
Rossio e a Praça, na quietude da nossa Rua de Três onde vivemos com os vizinhos
que tornámos família, esperando que chegues e me assobies nesse jeito tão
peculiar que eu sei ser só para mim e para o mano… e seguirei sempre para junto
de ti, meu querido e muito amado pai.
Lindo ete post para o dia do pai.
ResponderEliminarGostei muito parabens.
M. Pereira
Parabens bonita e sentida homenagem que prestas ao teu pai
ResponderEliminarRUI PEREIRA