Diário de Bordo / Dia 1 / São Petersburgo

A "Chicken Tabaka" do lento jantar de ontem no restaurante Georgiano, iguaria que comprova a proximidade gastronómica entre Tbilisi e a Guia, no nosso Algarve, não foi por desagrado o motivo principal: nós hoje fomos almoçar ao Mac Donalds apenas e só para irritar o Lenine.

Na São Petersburgo, que voltou a ter este nome em homenagem ao Apóstolo das chaves do Céu, depois de ter sido chamada de Leningrado, há torres mais ou menos douradas que atravessaram a História e os ciclos que os Homens lhe oferecem. Santo Isaac regressa ao culto depois de ter sido o "Museu do Ateísmo" no tempo da União Soviética.

Ironia.

E ainda se percebêssemos que as casas de pedra são vulneráveis, enganadoras e sumptuosas moradas construídas para albergarem o Deus que apenas vive no coração dos Homens.

Também já caíram as foices e os martelos das fachadas dos edifícios que antes tinham sido dos "Czares", soberanos que voltaram a ter sepulturas areadas e com flores. Mesmo que a estátua de Pedro I lhe ofereça uma cabeça ínfima relativamente ao corpo porque a criatura não seria de grandes ideias.

Há alguns dias, Putin veio rezar com o Patriarca da Rússia. Demasiada fé como que querendo contrariar o princípio de que as vozes de alguns animais ficam aquém do céu.

As cidades são os Homens e a sua fé. Somos nós quem lhes molda todas as faces e lhes inscreve a liberdade nos detalhes do seu tempo.

Em São Petersburgo o meio dia é assinalado pelo disparo de um canhão de guerra. Não há beijos pelas ruas nem gente de mão dada. E as igrejas, aquelas de pedra, fecham à quarta-feira para descanso do pessoal.

(Diário de Bordo da viagem "Dr. Jivago 2016". Foto da Margarida Garimpo).




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