Um Homem completo é aquele que não esconde nem o mínimo detalhe dos seus beijos
Às
vezes a bruma sucumbe ao sol intenso do meio-dia e deixa-nos entretidos num
jardim cravejado de hortênsias, tílias gigantes, buxo recortado e vistas
generosas com um intenso sabor a mar.
Depois,
eu aproveito a linha desenhada pelo tempo e sento-me comodamente à entrada de
uma década nova. Respiro fundo, ao jeito de quem repousa, e sinto que o ar traz
com ele os sentidos que emergem à luz e fazem coro comigo enfrentando a sorte:
-
Eu serei tudo aquilo que cabe no meu sonho.
Há
palavras que dançam ao redor de mim como aves de rapina de todas as cores,
beijos e abraços montados na sela sobre as sílabas mais fortes, o canto dos
versos na métrica ousada que me pertence unicamente a mim.
Há
o amor que flui como cascata irrequieta mas constante sobre os minutos que
alimentam o viço das avencas que brilham no mais recôndito do ser.
-
Um Homem completo é aquele que não esconde nem o mínimo detalhe dos seus
beijos. E pelo contrário, um Homem que condena às sombras quaisquer partes de
si é uma criatura triste e amputada.
Na
véspera de cumprir 50 anos recebi a notícia do falecimento da Sofia, minha
colega de Faculdade, após uma luta de 13 anos contra o cancro da mama.
Às
vezes é o sol que sucumbe…
E
só o sonho permanece intacto e eterno sob as tílias de mil anos para que com
ele enfeitemos o tempo.
Como
as hortênsias e sem nunca termos pressa…
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