2016
A
melhor forma de cruzar o tempo é com a liberdade a tiracolo; porque assim, com
ela tão junto ao peito, garantimos que nenhum dos beijos que sonhámos, fica por
dar… ou pelo menos por dizer.
Não
sei. É mesmo impossível saber quantas palavras desenhei copiando a alma antes e
depois de Julho ter oferecido meio século à minha idade: dois livros, milhares
de versos, rimas mais previsíveis ou mais ousadas, cartas e mensagens de amor…
Quem
não desenha a sua marca no tronco dos dias arrisca-se a morrer sombra, um equívoco
atrás de uma idade qualquer.
“Todos
os Homens podem voar”, e eu voo, mas o abraço do olhar dos meus pais será
sempre o melhor pouso para tudo e para “A noite em que os sonhos não entraram”.
Quando a Mãe Inácia sorri e o Pai Artur diz “o meu gaiato”, eu sinto que ainda
tenho a minha casa.
Trago
comigo de 2016 os brindes com vinhos de muitos sóis, os cafés e os jantares à
mesa dos amigos, os dias de “Cozido à Portuguesa” na casa da Mina e da Natália;
os golos do Benfica Tricampeão celebrados nas bifanas com a Margarida e os
abraços ao mano Zé; as gargalhadas com o Mário ao telefone quando o dia corre
mal… ou menos bem, a conversa com o Álvaro no Shopping ao fim da tarde; Portugal campeão; o caril no Mendi; os passeios junto ao Tejo, na Baixa
ou em Belém; os Rembrandt no Hermitage;
a Praça Vermelha, Vila Viçosa e as conversas no Café Restauração, um desenho do
Luís e as conversas com o João; Paris numa noite de verão…
E
numa manhã demasiado triste e quente de Setembro, o adeus à Anabela. As lágrimas
que choramos na partida dos amigos levam com elas, dissolvido, tanto do nosso
medo de morrer.
Um
ano também se conta pela saudade.
Com
a liberdade a tiracolo e com a fé…
Sabendo
que os anos só terminam em Dezembro e que até ao fim tudo poderá acontecer.
Irrequieto,
vadio ou gaiato, serei sempre um homem apaixonado cruzando o tempo, saboreando-o
sem pressas não vá escapar-me entre os dedos algo daquilo que eu tanto quero
ser.
Um
beijo e muito obrigado por terem estado sempre aqui.
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