Quantos lápis e quantas cores...
Quantos
lápis e quantas cores seriam necessários para pintar com justiça a cidade
guardada num beijo?
Entre
a geometria de ruas paralelas, perpendiculares ou diagonais num abraço de
ângulos inéditos e improváveis, entre a irregular volumetria das colinas, as
praças, as casas, as janelas… há um rio que corre lavando as margens, e que
encontra o mar no ponto exacto onde o sol adormece para repouso da tarde e das
gaivotas.
O
frio de Dezembro não resiste às luzes e às palavras de Natal, e a cidade toma
pela fé da gente, as velas e as asas que a fazem partir muito para lá do espaço
a que usam chamar seu.
A
cidade que mora num beijo é inacessível ao traço dos pintores e às palavras
mais ousadas dos poetas, às cores; mas pela descrição que aqui faço, poderá
pensar-se assim de repente que será Lisboa.
Pelas
pontes, pelo casario…
É
natural.
O
tempo e o espaço saltam inteiros connosco para dentro do beijo que o desejo
inventa ao fim da tarde… junto ao rio.
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