Boa noite e um olhar
A noite caíra há muito sobre a imponência granítica da cidade, e na tarde e noite do Porto, nem apenas por um segundo a chuva dera uma trégua, privando-se de soar intensa nas cascatas promovidas pelos mais altos beirais. Não se sente frio, mas persiste o desconforto da água… Paro o carro algures no acanhado espaço do subsolo inventado por um somítico arquitecto e preparo-me para à superfície, iniciar o slalom entre gotas da chuva, nos cem metros que distam entre o parque e o meu hotel, ganhando essa dose de coragem protegido por uma tímida arcada de pedra. Apercebo-me que não estou só naquele espaço diminuto em que apenas os ladrilhos mais chegados à parede, estão a salvo da incessante persistência da chuva. Ao fundo à direita, há uma mala de viagem da Samsonite e ao lado umas sapatilhas brancas de uma marca que não distingo. Próximo, sentado numa esteira de praia daquelas que as revistas do Jet Set nos oferecem em tempo de verão, está um homem que aparenta ter quarenta a...