Secar as vacas
Presumo
que sem pagarem direitos de autor a La Fontaine, andam os nossos políticos
muito treinados no uso de fábulas, o que não é de estranhar pois pelo percurso
académico expresso nos seus curricula, o ponto mais avançado a que chegaram no
estudo da literatura só poderá mesmo ter sido “A cigarra e a formiga” ou quiçá,
“Os cinco na Ilha do Tesouro”.
E
já que de animais falamos, eu aproveito o mote e sempre vos digo que nesta
história não me sinto nem cigarra nem formiga, eu sinto-me e sou, uma
verdadeira vaca.
Isso
mesmo, uma vaca leiteira, com restrições assinaláveis no acesso a pastagens mas
a quem é exigido uma cada vez maior produção de leite.
As
minhas tetas servem para dar alimento a meio Portugal, porque o outro meio,
está comigo no redil em delírio de produção.
Do
meu leite se alimentam assim instituições, organizações e seres, todos essenciais
ao meu país. Como é importante alimentar a Fundação do Carnaval de Ovar, a
Fundação Porto Gaia que fornece gratuitamente um Centro de Estágios ao Pinto da
Costa que todos os dias me chama mouro e imbecil, alimento as manifestações da
CGTP através do apoio aos autocarros para transporte de militantes, dou suporte
financeiro aos aventais, esferográficas e bandeiras dos partidos políticos, e
como seria possível viver sem campanhas eleitorais nas quais também participo
suportando a carne assada dos comícios, alimento as reformas dos seres
iluminados que um dia passaram pela política e que num processo de cansaço
acelerado têm de ir descansar, alimento a leitinho bom, todos os assessores que
inundam os gabinetes dos ministros, os carros de alta cilindrada, os seguranças
dos senhores ministros, patrocino a boa vida dos meus concidadãos em cursos
infinitos de formação profissional e rendimentos mínimos de inserção…
Enfim,
Portugal, este Portugal, não seria o mesmo sem o meu leitinho.
Mas,
é bom que alguém pense que vaca não dá leite de forma ilimitada e que ainda por
cima, vaca mal alimentada vê as tetas ficarem secas mais depressa.
E
tetas secas são sinal de dor.
O
entediante e monocórdico registo da expressão oral do Ministro das Finanças
deve ter sido seleccionado por se considerar que dele derivaria um efeito
sedativo ou anestésico, tal estas dolorosas notícias que sua excelência sempre nos
reserva nas suas longas conferências de imprensa no período pós-prandial.
Mas
isto já não vai lá com anestésicos.
E
o nosso contra ataque só pode ser feito com duas armas.
A
primeira é o uso das bostas e dos dejectos, mas isso não adianta porque eles
estão habituados a eles dado que privam diariamente uns com outros.
Resta-nos
o coice. Forte e certeiro, bem no sítio onde impera essa molesta e
confrangedora ausência de testículos.
Muito bem tens razão, estamos fartos dos políticos corruptos são pragas para a nação .
ResponderEliminarBasta !!!!
RUI PEREIRA
Carlos Jana
ResponderEliminarNão poderia estar mais de acordo. Uma grande "chapelada"!
Abraço