Estas palavras que nos oferecem asas
Quando
o silêncio se impõe a qualquer hora, pesa muito e faz com que me sinta só;
confesso-vos que a esferográfica e um pedaço de papel são os meus melhores
amigos.
Por
palavras vou registando tudo aquilo que a mente vai ditando, e de repente,
morreram os impossíveis, o silêncio também foi enterrado com eles... e eu estou
muito para lá das quatro paredes onde fisicamente me encontro; com o privilégio
de estar onde quero realmente estar.
E
com quem quero estar.
Do
meu quarto vejo um jardim com plátanos de folhas amarelecidas e avermelhadas,
sinto o Outono, e leva-me a memória para os finais das tardes de Vila Viçosa,
quando o aquecedor já se agradecia aceso por detrás do balcão da Livraria
Escolar, servindo simultaneamente para assar bolotas e castanhas que nos
aqueciam as mãos e a alma, esta então solta e empenhada em tantas histórias.
Acho
que foi aí que aprendi a força das palavras e me fiz eternamente seu amigo,
aprendendo a voar com elas muito para lá do óbvio, por mais que ele pareça um
destino irreversível.
Há
pouco apanhei uma folha vermelha de plátano que vi de repente aos meus pés no
jardim do hotel, está aqui e faz-me companhia a mim e a quatro botões de rosa de
cor vermelha que tenho sobre a secretária, enquanto escrevo que um dia
passearei contigo cruzando de mão dada todos os Outonos que a vida nos der para
fazermos nossos.
Só?
Definitivamente
não estou, apesar de não haver mais ninguém aqui comigo.
Durante
o nosso passeio pelo parque até já parámos os dois à beira de uma velha fonte
de granito tingida de folhas da cor do Outono para um beijo e para que num
abraço eu te sussurrasse ao ouvido que, claro, sou teu.
E sigo pelas palavras que assim me dão boleia para um sonho que sabe a
mel… e a castanhas.
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