O mundo, esse T0 tão apertado
Começar
o dia a comer um Bolo Finto torrado trazido na véspera de Vila Viçosa…
Tomar
o café na pastelaria da D. Isabel, que é de Proença-a-Nova e conhece dezenas de
pessoas que eu também conheço, aproveitando como sempre para falar do tempo,
das viagens que a minha mala sempre denuncia, e das ocorrências transmitidas
pelas notícias da TV…
Uma
manhã de trabalho no escritório em Porto Salvo, em conjunto com os meus colegas,
e almoçar com eles uma muito agradável e saudável “Pescada Cozida com Todos”…
Tomar
um chá em Dublin depois de aterrar pelas seis da tarde e de ter descoberto no
ar que a Air Lingus nem uma bolacha
de água e sal nos serve a bordo. Vá lá que descobrimos na revista de bordo
algumas palavras em Gaélico que são semelhantes ao Português. A revista
chama-se “Cara” (amigo) e até narra a história de um bebé que nasceu a bordo há
quarenta anos, que recebeu o nome de Patrick em homenagem ao santo dos
Irlandeses… bebé que por acaso até é Português…
Jantar
com o meu colega em Temple Bar com o
empregado Brasileiro a descobrir que falávamos a mesma língua e a contar-nos
que tem dupla nacionalidade porque a avó era de uma aldeia próxima de Castelo
Branco, Louriçal do Campo, que por acaso até é a terra do meu amigo Celso. Acabamos
a falar das cerejas, e como a história é recorrente, depois de a Tonicha em
1971 ter cantado em Dublin, na Eurovisão, a “Menina do Alto da Serra”, nós
acabamos os três a falar da avó / menina Florinda e das suas aventuras no alto
da serra… da Gardunha…
Regressar
ao hotel, apanhar um mapa na recepção e ser interceptado por um funcionário do
hotel que fala Português com sotaque do nosso e é de Viseu…
Sentar-me
na reunião ao lado de um colega Francês que me pergunta se a minha agenda tem
uma capa que reproduz um trabalho do Picasso. Eu explico-lhe que não e vou
mostrando todas as gravuras que tem dentro e que são do nosso Almada Negreiros…
Esta
sucessão de acontecimentos que envolvem gente de diferentes continentes,
diferentes línguas e diferentes culturas, bem poderia ser chamada de “Uma
aventura no T0 que é o mundo”.
Tudo
porque quando nos fixamos naquilo que nos une, muito mais do que aquilo que nos
separa, as distâncias encurtam e tudo parece bastante mais próximo; e até o
mundo parece bem mais pequeno.
Como
as estruturas mais pequenas e simples são teoricamente mais fáceis de gerir do
que as outras, talvez este fosse um caminho para vermos tudo de forma diferente
e podermos eliminar certas dificuldades que o mundo enfrenta.
Com
boa vontade, que é algo que ajuda sempre nestas coisas.
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