E este cais…
Se tu vivesses para lá do mar, eu juro aqui que não
faria outra coisa, para além de aperfeiçoar o meu gesto de nadar.
Poderia também, quiçá, pegar em tudo aquilo que é
velho e não interessa, e construir uma jangada atada com os nós mais fortes que
a raiva conseguisse colher da minha vontade de te abraçar.
E um dia ao fim da tarde, num instante em tudo
transparente, celebraríamos a liberdade num beijo sem biombos ou o disfarce de
sermos outra gente.
Seria num cais qualquer entre o repouso das gaivotas
ou o seu canto no voo matizado pela maré.
Os dois como quem tomou do sonho a convicção e a raiz,
por entre cada palavra nua na condição de ser aquilo que é.
Eu amo-te e existo por poder dizê-lo.
E este cais em forma de liberdade é afinal o meu país.
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