Há dias que são tão cómodos e perfeitos...
Há dias que são tão cómodos e perfeitos, que não
resistimos a transformá-los num sofá onde depois nos sentamos tranquilamente.
Podemos puxar para junto de nós, para nos alumiar,
aquele pedaço de lua que nos abraçou num beijo; e na memória, como quem desenha
letras no chão de terra de uma rua, vamos aos poucos organizando os versos, mas
sem que os ajustemos de forma rígida a uma métrica qualquer.
Por isso, se pensaram ver-me algures por aí,
investiguem primeiro, escutem com atenção tudo aquilo que eu disser, não esteja
o meu corpo a vaguear por um sonâmbulo instante, "adormecido" que
estou, e a sonhar, recostado nesses dias a que podem chamar tudo, mas que são
afinal a poesia.
E até podem ver-me sozinho e de mãos vazias, mas
acreditem que apenas na ilusão de um fantasma errando por aí; os dias onde me
sento têm dois lugares e as minhas mãos tomam o mundo enquanto passeiam por ti.
Por isso, digam o que disserem de mim, vejam-me aqui,
ali, seja onde for...
Eu estarei sempre abraçado a ti, comodamente ajeitados
aos nossos dias doces, meu amor.
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