A fé e o amor na manhã da minha terra
Todos
os anos, na manhã do dia 8 de Dezembro, a Banda Filarmónica União Calipolense,
sai às ruas de Vila Viçosa.
Começa
por saudar a Senhora da Conceição, na sua igreja construída por Nuno Álvares
Pereira no castelo, a primeira igreja dedicada a Nossa Senhora da Conceição que
foi erigida em toda a Península Ibérica, e o local onde em 1646 e após seis
longos anos de luta pela restauração, D. João IV entregou a sua coroa à Virgem,
tornando-a Rainha e Padroeira do Reino de Portugal.
Imediatamente
depois, a Banda dirige-se ao busto de Florbela Espanca e saúda-a também neste
dia que é o do seu aniversário, e simultaneamente o dia que assinala o seu
falecimento.
Contrastes
na manhã da minha terra?
Teremos
sempre duas grandes opções na forma de olhar a vida: procurar convergências ou então, as divergências.
Sou
adepto confesso da primeira opção, e por isso não estranhem que veja aqui uma
forma sublime e única de celebrar a fé e o amor, elementos essenciais e
privilégios da vida.
Maria
é uma Mulher que pela força da sua fé aceita mudar o rumo da História da
Humanidade. Sem pensar em si, no seu interesse pessoal e nas convenções, ela dá
a sua vida e aceita ser a massa fermentada por Deus para o crescimento de uma
nova Era.
Florbela
recusou-se a ceder ao seu tempo, qualquer componente, por mínimo que fosse, do
seu todo privilégio de ser Mulher. Contra a hipocrisia de todos os espartilhos
sociais e culturais do seu tempo, assumiu o amor, o prazer e a sensualidade,
não se negando jamais a pagar o duro e difícil preço de quem ousa ser diferente.
E um poeta será sempre um mestre no reconhecimento da grandeza da criação.
Maria
e Florbela, duas heroínas do seu tempo, do nosso e de todos os tempos.
Maria e Florbela, mestras de fé e do amor, inspirações eternas
celebradas nesta fria mas solarenga manhã da minha terra.
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