Pedofilia
Caríssimo
Padre,
Não
me sentia motivado a escrever sobre o tema, mas a sua homilia de ontem na missa
da Imaculada Conceição, impulsionou-me definitivamente a fazê-lo.
A
pedofilia é um crime hediondo, merecedor da mais veemente condenação e tenho muita
dificuldade em reconhecer o direito a dó ou piedade, por ínfimos que sejam, para
quem a pratica.
Considero
que os casos devem ser cuidadosamente investigados para que os comprovadamente
pedófilos possam ser devidamente julgados e condenados. E o pedófilo será
sempre o indivíduo que pratica o crime, com independência de ser homem ou
mulher, casado ou solteiro, familiar ou não, homo ou heterossexual, padre ou
leigo, etc.
Qualquer
extensão da condenação que parta do indivíduo para o grupo onde ele se insere,
é abusiva, injusta e muito perigosa.
E
esse tomar do todo por uma das partes, tanto pode acontecer por erro de quem
acusa como por excesso zelo de quem não resiste a defender os seus pares.
Por
isso, vai desculpar-me mas afirmar na sua homilia de que as recentes manchetes
dos jornais sobre um presumível caso de pedofilia num seminário, são um ataque
da imprensa à Igreja, não leve a mal, foi um desnecessário transportar de todos
os católicos para dentro de um problema e de um crime com o qual a grandíssima
maioria de nós não tem nada a ver.
Afirmou
o senhor que a Igreja só é responsável por 5% dos casos de pedofilia e de que
as próprias famílias são responsáveis por 40%.
As
guerras de percentagens não se aplicam aqui e um católico quando o é em
plenitude não se refugia em biombos de qualquer espécie, incluindo os
estatísticos.
A
qualidade deverá imperar sempre porque nem que a Igreja fosse responsável por
apenas 0,001% dos casos, que a sua e a minha obrigação, seria sempre
condená-los com veemência.
Na
primeira parte da sua homilia, o senhor foi brilhante, e digo-lhe até que
poucas vezes ouvi “interpretar” tão bem, o livro dos Genesis e o pecado
original. Falou das “parras” com que muitas vezes tapamos as misérias do nosso
ser e a nudez da ausência de valores.
E
sem se dar conta, na segunda parte da sua homilia, chamou a imprensa para fazer
de “parra”, ainda por cima para uma questão que não nos diz respeito.
Gostei
da sua referência ao facto de estarmos na “Casa de Maria” e muito nos lisonjeou
o facto de estarmos a partilhar essa tarde e esse acto de fé com os legítimos
herdeiros do fundador da igreja da padroeira, ao mesmo tempo os herdeiros do
rei restaurador que da Senhora da Conceição fez Rainha.
Aceite as minhas críticas e não as leve a mal, só as faço por considerar
que há lugares e companhias que nos merecem melhores, mais sensatas e mais
inspiradas palavras.
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