Portuguese Pride
A
cidade da Praia da Vitória está em festa, e a procura de um lugar para jantar,
oferece-nos o bónus de um desfile etnográfico com centenas de figurantes,
ilustrativo e muito fiel às tradições da gente que diariamente faz pela vida
nesta plataforma atlântica.
A
rua principal, iluminada a rigor e decorada com tudo o que contribui para um ar
de festa Portuguesa, está apinhada de gente que assiste à passagem do cortejo,
e é dinâmica a interacção entre todos: público e intervenientes.
Forasteiro,
consigo mais disponibilidade para olhar em volta e dou por mim a não resistir “saborear”
os conjuntos de azulejos que alguém se lembrou de incrustar nas fachadas,
contendo o desenho do rosto dos poetas da nossa língua, assim como alguns
trechos da sua poesia.
Terminado
o desfile passamos junto à Igreja Matriz. Tem o guarda-vento aberto, exibe o
esplendor do seu altar de talha, e não resistimos a sentar-nos pois um quarteto
de cordas interpreta música sacra de compositores nacionais.
A
fome aperta e ainda não encontrámos um restaurante.
Descendo
da Matriz chegamos ao Largo dos Paços do Concelho e num palco ali montado, há
homens que interpretam música Açoriana, com a dolência roubada aos ruídos do
mar que nos cerca e se avista e sente de qualquer lugar.
E
finalmente uma esplanada.
É
simples mas tem o essencial para um jantar de festa popular, um frango assado
com batatas fritas e salada.
Respira-se
festa e o resumo do momento encontro-o tatuado no braço esquerdo de um rapaz
alto, louro e com mais de 100kg, que por usar camisola de alças evidencia um
escudo Português, com a frase: “Portuguese
Pride” (Orgulho Português).
Há
uma mesa vazia e chegam três rapazes, louros e esguios.
Pelo
à vontade com que se mexem na festa e que é semelhante ao de um tocador de
acordeão num velório, deduzo logo que são militares Americanos estacionados na
Base das Lajes.
Pelo
rótulo de lixo com que carimbam com o olhar o nosso frango, até aposto que
serão o Fitch, o Standard e o Poor’s…
Irrita-me
o ar de total sobranceria.
Escolhem
hambúrgueres com queijo e afogam-nos em ketchup e maionese, e aí está o sabor
do Arizona ou do Texas, que levarão de uma festa Portuguesa…
Pedimos
a conta e saímos à procura de uma Fartura que nos sirva de sobremesa.
Os
Americanos já comem o “dessert” deles, um “donete”, versão Açoriana de Donuts,
que é algo que está para a Fartura como a masturbação está para o acto sexual.
Encontramos
o Homens das Farturas e compro uma toda polvilhada de açúcar e canela, porque
dias não são dias…
Saboreio-a
e delicio-me a cada pedaço, enquanto caminhamos de volta entre gente feliz que
ri e faz festa.
Na
alma, mais marcada do que nunca brilha a tatuagem, “Portuguese Pride”.
Indestrutível.
Não há festa popular sem frango assado com batatas fritas e salada
ResponderEliminarRui Pereira
Acho que a Virginia iria adorar estar aí(ja). Boas Ferias. Abraço
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