A vingança das cobaias
Com
a ajuda de morganhos, ratos, cobaias, rãs e coelhos, não existiu medicamento
que eu deixasse por estudar, nas aulas práticas de farmacologia que compunham o
curriculum académico do curso de ciências farmacêuticas que frequentei e
concluí há muito, ainda no tempo em que os diplomas se obtinham por mérito e
trabalho, através da frequência de aulas e aprovações nos exames.
Experiências
a bem da humanidade e que afortunadamente, e na maioria dos casos, também não
punham em risco a saúde e a vida dos animais.
Numa
caixa de madeira e de cabeça de fora, o coelho depois de rapado o pelo, oferece
uma veia que contorna toda a orelha e que é fantástica para a administração endovenosa
de fármacos.
Esta
semana, com ar de cientista louco, o nosso Ministro das Finanças anunciou
medidas de austeridade e justificou a sua implementação pelos bons resultados
conseguidos na utilização de vários modelos experimentais, e assim, de repente,
eu e todos vós, saltámos para os tubos de ensaio e retortas das bancadas do
mais puro experimentalismo económico.
Sem
qualquer proveito que se vislumbre para nós e para a humanidade, esta só pode
ser a vingança servida fria pelas minhas cobaias.
Numa
caixa de austeridade férrea que não me permite quaisquer movimentos, há agora
um Coelho, versão instantânea de primeiro-ministro ao estilo “jota e basta
juntar água”, que me rapa o salário e me aplica uma TSU “endovenosa” de 18%, e…
E
depois, vamos ver se sobrevivo.
Ontem,
ao ouvir a entrevista de permanente rendição ao FMI e à sua gestão, com a
Troika a servir para tudo justificar, sentei-me a ver a Gabriela e depois a goleada de 23-1 de Portugal à Inglaterra no
desporto que nasceu com o fito apenas de nos consolar, o Hóquei em Patins.
Fui
atingido por uma sensação demasiado nítida de um indesejável déjà vu, um regresso a um novo 1977 com
mais rotundas, pontes, auto-estradas, dívidas e ilusões.
Até
poderemos sobreviver, mas entre incompetência, mentiras e indecentes
impunidades, já nos roubaram 35 anos, e pior, já nos comprometeram
definitivamente o futuro.
...nos porcos é celebre a injecção atrás da orelha...
ResponderEliminarAbraço
Carlos Delgado
AS experiências não estão a dar grandes resultados e estão a sair-nos muito caras
ResponderEliminarRUI PEREIRA