Gaivota
A
neblina envolve cerrada, o casario da cidade, estranho amanhecer de uma
intermitente primavera que pelo calendário se despede e inevitavelmente se
rende ao verão.
Busco
em redor, mas nem a minha ocasional e muito alta janela de hoje, me traz o Atlântico,
a Foz, aquele ponto onde o Douro, encaminhado pelos Rabelos que estancaram e se
renderam à Ribeira, prova o mágico e inédito sabor de ser oceano.
Há
manhãs e dias assim…
Mas
jamais a neblina, manto ocasional e indomável motor de saudade, nos faz descrer
que além, longe ou perto, no horizonte, há o doce azul da eterna grandeza do
mar.
Dita
o coração as certezas que suplantam saudades e neblinas, e do coração se nos
faz a fé de manter rota, e se nos nasce a garra de nunca deixar de perseguir horizontes.
Cerro
os olhos e saboreio o mar nessa memória que se me não apaga nunca, mas rápido
os reabro ao impacto do som de uma gaivota que chegou ao parapeito.
Traz-me
o céu, e traz-me mais do que tudo, a certeza do mar, este voo de uma perdida
gaivota que se encontra na manhã frente-a-frente com o meu olhar.
Não controlo o sorriso e mais do que nunca… sinto-te, mar da terra que
faz a neve, terra das fontes que não têm fim.
Outra beleza escrita pelo nosso grande escrito.
ResponderEliminarAssim nos enche o corpo e alma de belos momentos de leitura e sonhos.
Abraço. AR
Ja a nossa grande diva do fado (Dª Amália ) cantava
ResponderEliminarSe uma gaivota viesse
Trazer-me o céu de Lisboa
No desenho que fizesse,
Nesse céu onde o olhar
É uma asa que não voa,
Esmorece e cai no mar
.
parabéns pelas belas palavras
RUI PEREIRA