Um fim-de-semana na quinta da Avó Teodora
Com
base na minha experiência de tio extremoso, recomenda-me a prudência que jamais
deixemos avós e netos num mesmo espaço durante muito tempo, tal o elevadíssimo risco
de danos irreversíveis sobre mobiliário, roupas, instalação eléctrica, alimentos,
etc. Ou seja, este intercâmbio geracional resulta habitualmente num encontro de
rastilho e fósforo, e é capaz de fazer explodir tudo aquilo que com ele coabite
na ausência de uma possível e pronta intervenção racional da nossa parte.
Foi
pois uma irresponsabilidade terem colocado ontem a “avozinha” Teodora Cardoso,
septuagenária Presidente do Conselho das Finanças Públicas e que já deve alguns
anos à reforma, em amena “cavaqueira” com o Grupo Parlamentar do PSD, os “netinhos”
que adoram brincar aos referendos e que colam cartazes nas paredes como quem
cola cromos na caderneta.
Ao
melhor estilo “apartamento da Sónia Brazão”, a senhora recomendou que não se
taxe mais o ordenado mas que seja aplicada uma taxa sobre cada levantamento que
o indivíduo faça directamente da conta onde depositou esse mesmo ordenado.
Diz
ela que assim se incentiva à poupança.
Embora
eu tenha muito respeito pelas suas células cerebrais cansadas, é triste ver
como a pobre senhora já não consegue vislumbrar que a maioria dos Portugueses
afortunados por ainda conseguir receber ordenado, não poupa porque não quer mas
sim porque não pode.
Os
“netinhos” também ainda não cresceram o suficiente para conseguir explicar
estas coisas à anciã criatura.
Que
tal pegarem no andarilho da lucidez e levarem a pobre senhora a visitar um
supermercado em hora de ponta assegurando-se que a graduação das lentes é a
indicada?
E
depois, que precedente perigoso se poderia abrir com esta medida que taxa tudo
a jusante dos processos…
Poderiam
aliviar-se os impostos sobre os alimentos mas colocar um sistema ao estilo “Via
Verde das Sanitas” que permitisse avaliar o volume de resíduos sólidos e
líquidos devolvidos pelo metabolismo de cada família, volume ao qual seria
aplicado depois um imposto, o ISM (Imposto sobre a m…).
É
possível promover também um alívio das taxas moderadoras no acesso às urgências
hospitalares, promovendo de seguida o desenvolvimento de um novo imposto sobre
a redução média de febre conseguida por acção dos anti-piréticos prescritos em
tal consulta, o ISRMT (Imposto sobre a Redução Média de Temperatura), com uma
ligação de cada termómetro aos satélites controlados pelo Ministério da Saúde.
Em
Portugal e de forma definitiva, o principal território para o desenvolvimento
da criatividade é a cobrança de impostos. É a criatividade associada à eficácia,
pois nem um só fica por cobrar.
Há
alguns anos, mais precisamente no longínquo ano de 1931, a actriz Corina Freire
estreou na revista “O Mexilhão” o grande sucesso “Teodoro não vás ao sonoro”.
Cantava
assim:
“Teodoro
não vás ao sonoro
Teodoro não sejas ruim
Teodoro repara que eu choro
Se fores ao sonoro não gostas de mim”
Teodoro não sejas ruim
Teodoro repara que eu choro
Se fores ao sonoro não gostas de mim”
Em
2014, o nome da revista pode manter-se porque não poderia ser mais pertinente,
mas para a letra eu sugiro:
“Teodora
vai-te lá embora
Teodora não sejas ruim
Teodora repara que agora
Se não fores embora não gostas de mim”
Teodora não sejas ruim
Teodora repara que agora
Se não fores embora não gostas de mim”
Teodora é para teu bem porque se resolvem mesmo criar o ISM tu vais à
falência.
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