“Adsum DEO”
Há
não muitos anos contava-se como anedota uma história imaginada numa barraca
onde vivia um grupo de gente bastante humilde e com fome, que ao ouvir bater à
porta e depois de saber que quem batia vinha da parte da Cruz Vermelha
Portuguesa, respondia:
-
Já demos.
Sem
pretender discutir aqui a legitimidade desta crítica à organização secular em
causa, lembrei-me ontem desta história ao ouvir os ministros a apresentarem o
DEO (Documento de Estratégia Orçamental), porque entre o IVA e a TSU lá veio
mais um ataque às poucas décimas / migalhas que nos restavam.
E
a mim e aos outros, por entre esta corrida a "Passos de Coelho" para
as "Portas" do inferno parece que nada mais resta do que dizer Adsum Deo, que é como quem diz em latim “eis-me
aqui Deus”.
E
o Deus é aqui a despudorada face dos eleitos que atacam em conferências de
imprensa ao fim da tarde, e sempre por entre a mentira de quem diz não aumentar
impostos e a hipocrisia de saídas limpas, que o podem ser para os mercados, mas
que são sujas e bem sujas pelo sangue da dor do povo, e sujas pela asquerosa
trampa da incompetência deste bando de incorrigíveis “jotas” armados em
ministros.
Onde
estão os cortes na despesa que não os ordenados dos funcionários públicos, as
reformas e os demais componentes do Estado “minimamente” social?
Onde
estão os cortes nos pagamentos aos escritórios de advogados que fazem leis e
dão pareceres infindáveis?
Quantos
assessores por nomeação política se cortaram em número e benefícios?
Quanto
se reduziu nas verbas entregues pelo Estado aos partidos políticos?
Quanto
se reduziu nas ajudas de custo e de representação dos políticos eleitos?
E
quanto...
Parece
que muito pouco, e por isso e na véspera do Dia do Trabalhador, que por este
andar, mais ano menos ano, ainda virará "Dia do Pingo Doce", lá
tivemos que aturar a Colombina e o Arlequim numa Comédia Bufa da qual já
começamos a saber de cor todo o enredo e onde os heróis não são aqueles que
propagandeiam números em cartazes, mas aqueles tantos que damos o couro e o
cabelo para pagar as contas da incompetência destes e dos seus antecessores de
quem são clones.
Batam-nos
palmas e vão-se embora.
Esses
cartazes que andam por aí espalhados e que pretendem ser eco do mérito dos
políticos no virar das estatísticas e argumentos na caça aos votos, são apenas
epitáfios colocados sobre a dor de muita gente.
Lembrem-se
disso quando chegar a hora da vossa “saída limpa”.
É
que se é verdade que quem não é para comer não é para trabalhar, não é líquido
que quem mais “coma” seja o melhor para trabalhar.
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